

No dia em que saí de casa, a caminho do Mosteiro Trapista Nossa Senhora do Novo Mundo, imaginei que teria uma experiência diferente de tudo o que vivi até hoje. Sabia que iria aprender muito em pouco tempo. Mas não tinha ideia de que os monges me ensinariam também lições de estratégia de marketing que jamais aprendi em livros, cursos e no meu dia a dia como CMO (Chief Marketing Officer).
Era uma sexta-feira a noite quando peguei a estrada e dirigi até o município de Campo do Tenente (PR) para chegar no mosteiro.
Imagem da Plataforma Quatenus com a localização do Mosteiro
Eu sabia da sua existência, mas só agora me senti preparado para passar um tempo lá e desfrutar da experiência por completo.
Assim como todo ser humano da era digital, minha primeira pergunta ao chegar lá foi: “Não tem Wi-Fi aqui, né?”. Bom, você deve imaginar o que os monges me responderam. Mas não custava perguntar, não é verdade? Eu queria enviar uma mensagem no whatsapp à minha família para avisar que havia chego bem. Como era muito tarde, não queria ligar e acordá-los.
Ficar em off do mundo não é tarefa fácil para mim. Estou sempre conectado. Por isso precisava escolher o momento certo para ter essa vivência. Indo para o mosteiro, eu precisaria me desligar de tudo e de todos.
Foi difícil? Foi. Mas se eu não tivesse disciplina, teria sido bem mais.
Ao desacelerar, você passa a enxergar detalhes que, durante o trabalho, fica difícil de perceber. É sobre essas percepções, adquiridas através da experiência incrível que tive com os monges, que falarei hoje.
Lições que aprendi no mosteiro sobre estratégia de marketing
1- Simplicidade pode ser a chave para o sucesso inicial
Você já percebeu que a maioria de nós tem a mania de complicar? Muitas vezes, a solução está debaixo do nosso nariz e teimamos em não enxergar por parecer óbvio demais.
O presidente da Quatenus Brasil, Luís da Conceição Nobre, sempre brinca com a frase “Se dá para complicar, por que descomplicar?”. Por mais engraçado que pareça ser, é a mais pura verdade também.
Eu tenho visto muitas empresas criarem projetos de marketing astronômicos sem, ao menos, terem feito o que chamo de FCA (Feijão com Arroz). São poucas as que têm êxito seguindo esse caminho. Se começassem pelo básico, provavelmente chegariam a resultados positivos muito antes do que ir direto para as questões complexas.
Nos dois dias que passei com os monges, tive mais certeza ainda de que, dependendo da estratégia do marketing, o caminho básico é o mais assertivo para se seguir, Mas é claro que esse básico precisa ser muito bem feito.
2- Nem tudo é o que parece
Muitas pessoas pensam que, pelo fato dos monges viverem afastados, são desatualizados e não sabem nada sobre o mundo.
Se você também pensa assim ou alguma vez pensou isso, deveria passar um tempinho lá com eles. Depois dessa experiência, posso dizer que essas afirmações estão completamente equivocadas.
Os monges trapistas são estudiosos e, ao mesmo tempo, pensadores. Ao conversar com eles, perceberá que sabem muito sobre o mundo, sim.
Isso me fez pensar que nem tudo é o que parece. Muitas vezes, o que aparenta ser robusto pode ser apenas uma casca, algo oco por dentro e sem conhecimento e objetivo algum. Infelizmente, o mundo do marketing está repleto disso, principalmente o marketing pessoal.
Esse dias fiz um post no Linkedin falando sobre as informações “extras” que algumas pessoas colocam em seus perfis para melhorar suas imagens no mercado. Acontece que nem sempre o que escrevem ali é realmente verdade e isso pode ser um grande tiro no pé já que uma hora alguém pode descobrir sobre a veracidade delas.
3 – A expectativa, muitas vezes, é diferente da realidade
No final de semana que fui ao mosteiro, o tempo estava congelante. Chegou a fazer -2 graus na semana anterior, então você pode imaginar o frio que estava. Ao chegar, tudo o que eu queria era um bom banho e bem quente. Mas o que consegui foi, apenas, um banho morno.
Uma estratégia de marketing muito utilizada e que gera uma expectativa enorme em quem cria são as campanhas gigantes. Acontece que, muitas vezes, elas acabam dando um banho morno ou mesmo de água fria nos organizadores por trazerem resultados bem diferentes do esperado.
Por vezes, as empresas acabam criando campanhas com celebridades que possuem um número alto de seguidores nas redes sociais. Quanto maior a quantidade de seguidores, mais pessoas a campanha irá atingir. A lógica está certa, porém nem sempre aqueles milhares de seguidores são reais (inclusive já falei sobre essa questão em um post no Linkedin).
Veja, não quero dizer que é uma regra. Mas, é preciso tomar cuidado com a expectativa versus a realidade. O tombo pode ser gigante e todo o seu esforço e dedicação acaba indo pelo ralo.
Por isso, antes de seguir com o novo projeto de marketing, recomendo duas coisas:
- Procurar se espelhar no marketing digital não apenas de empresas de outros segmentos, mas do seu próprio. Sim, eu estou falando de empresas similares e até mesmo concorrentes. Analise o que elas estão fazendo para ou você seguir um caminho totalmente oposto ou seguir o mesmo mas com muito mais eficiência.
- Tome a decisão baseado em dados e não no achismo. Isso além de lhe dar mais confiança, será um ótimo aliado na hora de convencer a diretoria da empresa de que é o caminho a seguir.
Se isso não for feito, muito provavelmente o resultado será bem menor que a expectativa, o que pode tanto lhe frustrar como também trazer um prejuízo financeiro e de imagem de marca enorme.
4- Analise e escolha bem a sua fonte de energia
Os monges trapistas não comem carne, apenas peixes e em datas comemorativas. O que eles comem, e bastante, é batata e feijão. São esses alimentos que dão energia para que eles realizem suas tarefas diárias, as quais incluem muito trabalho no campo.
Hoje, a regra de que para se ter energia é necessário comer carne já não vale mais. Fomos ensinados que é ela que nos dá energia, sem, ao menos, questionarmos sua veracidade.
Dentro da equipe, estamos sujeitos a cometer o mesmo equívoco. Direcionamos a atenção para pessoas ou fatos que, aparentemente, são os propulsores de energia. E acabamos negligenciando o que, de fato, realmente move o time.
Antes de decidirem que comeriam batatas e feijão para ter energia, os monges trapistas provavelmente perceberam os benefícios que esses dois alimentos trariam para suas rotinas. Caso contrário, teriam escolhido outras fontes energéticas.
Essa mesma percepção deve acontecer em um time de marketing. O ato da observação pode ajudar, e muito, no processo de identificação das “batatas e feijões” da sua equipe. Se você escolher bem e uni-los, verá que as “batatas e feijões” podem ser uma equipe extremamente forte.
Imagem do time de Marketing em uma dinâmica externa que reforçou a união do time
Portanto, gostaria de lembrar que para escolher as melhores “batatas e feijões” para a sua equipe, você precisa ser um bom líder. E isso é outro ponto que podemos aprender com os monges em geral, não apenas com os trapistas. Não podemos negar que eles são exemplos de liderança e nos ensinam dezenas de lições que podem ser aplicadas no nosso dia a dia.
Para quem quiser saber mais sobre essa relação dos monges e liderança, recomendo a leitura do famoso livro “O Monge e o Executivo: Uma história sobre a essência da liderança” escrito por James C. Hunter.
Livro disponível na Amazon
5 – É preciso dar condições para que as abelhas produzam
Muitas vezes, as empresas focam em gerar leads e mais leads. Mas acabam não pensando em fazer o básico para que isso aconteça. Não há um processo de atendimento bem definido. Os conteúdos (quando existem) desconsideram a etapa do funil e suas personas e, ainda, existem aquelas que nem um site possuem.
Modelo de Funil de Vendas – RD Station
Os monges do Mosteiro Trapista Nossa Senhora do Novo Mundo são especialistas em produção de mel. Só que, para que as abelhas possam produzir, existe toda uma preparação antes dos insetos fazerem o negócio acontecer.
“Tá Dalbosco, o que tem a ver a produção de mel com a geração de leads?”
Explico: para se produzir um bom mel ou gerar bons leads, é necessário preparação. Se as etapas não forem bem definidas, algo sairá errado e o resultado não será o esperado.
Os monges do mosteiro de Campo do Tenente (PR) sabem exatamente o que devem fazer para garantir que as abelhas produzam um mel excelente. Pode ser que o local onde o mosteiro se encontra não seja o melhor para a produção da abelhas. Mas os monges me mostraram que se os processos forem feitos corretamente e com muita dedicação, as abelhas terão condições para produzir mesmo em um ambiente não tão favorável.
O mesmo acontece nas empresas. Nem todas possuem ambientes extremamente coloridos, com puffs e mesas de ping-pong. E o fato de não ter isso, não significa que a equipe não conseguirá dar e entregar o melhor de si.
É bom se tiver? Claro que sim. Mas se as abelhas (sua equipe) não tiverem qualidade e capacidade técnica, esse ambiente vai servir para nada, pois os resultados positivos não virão.
6 – Cada um precisa ter o seu espaço
No mosteiro, eu tinha meu próprio quarto. O que me dava privacidade para refletir, sem a influência do grupo. Nas primeiras horas achei um pouco estranho, afinal, estava em um lugar totalmente desconhecido e sozinho no dormitório. Mas isso foi extremamente importante para desenvolver o meu autoconhecimento.
Imagem da minha cama no mosteiro
Na rotina profissional, esse conhecimento de si mesmo torna-se bastante necessário, assim como é fundamental ter o próprio espaço dentro da empresa. Se houver esse espaço, cada um irá aprender a respeitar os limites dos outros. E isso melhora as relações interpessoais dentro e fora da empresa, melhorando (e muito) os debates e as reuniões com o grupo.
Como eu disse, eu tinha o meu momento de autoconhecimento durante o dia. Mas também tínhamos momentos em grupo, os quais começavam ainda de madrugada. A primeira sessão começava pontualmente às 3 horas (spoiler: falarei sobre esse questão no próximo item). Sim, era bem cedo, mas se você me acompanha por aqui, sabe que isso não foi um problema para mim.
Para quem está conectado comigo há pouco tempo, explico o porquê: há anos faço parte do 5am club. Como na empresa acabo tendo interrupções frequentes (pessoas batendo na porta, telefone tocando, mensagens entrando no whatsapp, reuniões com clientes, parceiros comerciais, fornecedores…), gosto de acordar bem cedo para fazer os trabalhos que exigem foco e silêncio total. Já escrevi sobre esse assunto em um outro artigo, o qual foi citado em um post feito pelo meu amigo Juan Diego e acabamos sendo destacados pelo Linkedin.
7 – Pontualidade em primeiro lugar
A pontualidade dos monges trapistas é uma característica a se espelhar. Nós tínhamos horário para tudo no mosteiro. Se a primeira sessão estava marcada para começar às 3 horas, começava exatamente nesse horário. Nem um minuto a mais e a menos.
Local onde nos reuníamos para as sessões
Assim que deve ser nossa entrega a clientes externos e internos. Se a entrega da primeira etapa de um novo projeto de campanha foi planejada para daqui três dias, por exemplo, ela deve ser entregue nesse tempo. Muitos profissionais acabam esquecendo que a pontualidade de suas entregas podem impactar e prejudicar o trabalho de outros colegas e consequentemente, no cliente final.
A equipe interna com a qual trabalhamos também são nossos clientes.
Na minha equipe de marketing, um depende do outro. Para que uma matéria do podcast Quatenus Station fique pronta, a Juliana Fernandez precisa abrir demanda para o designer criar as imagens de divulgação e linha do tempo do convidado. Se o mesmo não entregar no tempo correto, a matéria não será publicada na data planejada, concorda?
8 – Você pode vender em qualquer lugar, basta querer
O que eu quero dizer com isso? Quero dizer que até mesmo nos lugares mais improváveis você pode vender. E isso eu percebi lá no mosteiro. Você acredita que eles têm uma loja lá dentro?
Se eu não tivesse visto, não acreditaria. Quando que eu ia imaginar que monges também eram vendedores? Na minha cabeça, eles passavam o dia estudando e refletindo.
Eu não acreditava que pudesse existir uma loja dentro do mosteiro. Mas, por incrível que pareça, tinha e com ótimos produtos, os quais boa parte eles mesmos que produzem.
Quis trazer esse ponto para mostrar que você pode sim vender em qualquer lugar. Só precisa de vontade, organização, planejamento e é claro, uma boa estratégia de marketing.
9 – Você não precisa ser vidente
Sim, eu sei que planejar é importante. E que o objetivo de todos é sempre acertar nesse planejamento. Acontece que não somos máquinas e errar é humano, não é verdade?
Se você for hoje ao mosteiro e fizer alguma pergunta a um dos monges, provavelmente receberá uma resposta completa e esclarecedora. Ficará tão admirado com a fala deles e com a exatidão das palavras que poderá até pensar que ele tem uma bola de cristal, previu sua pergunta e planejou cada palavra da resposta.
Não. Eles não são videntes. Eles estudam muito. Erram também. Mas buscam voltar novamente aos estudos para analisar onde erraram.
Portanto, permita-se, tente, erre e volte a tentar. O aprendizado é muito maior na prática.
No marketing essa prática dos monges trapistas é fundamental. Nós estudamos muito e buscamos novos conhecimentos e formas de levar isso ao público. Acontece que não adianta apenas termos a iniciativa de procurar algo novo, precisamos colocar em prática. Eu sempre digo que o mais importante do que ter a iniciativa, é ter a “acabativa”.
Isso foi algo que fui aprendendo ao longo do tempo por meio dos livros. Um que me ensinou muito foi o “Arte da Guerra” dos autores Nicolau Maquiavel e Sun Tzu.
Outro com o qual aprendi bastante, e foi a base para entender o perfil meu público por meio dos arquétipos, foi o livro “O Herói e o Fora da Lei” das autoras Margaret Mark e Carol Pearson.
Esse foi meu livro de cabeceira por um bom tempo
10 – O barulho nem sempre traz bons resultados
Nem sempre o marketing que faz barulho funciona. Muitas marcas têm o posicionamento de estar, constantemente, em busca da atenção do mercado. Para isso, usam a estratégia da falácia e pouca ação, sendo, por vezes, superficiais.
Se o trabalho de bastidor for bem feito, o barulho pode ser, inclusive, desnecessário. É assim que sua marca construirá uma base sólida e de confiança com o mercado. Deixando de ser, apenas, mais um negócio, com estrondoso sucesso, porém, passageiro.
A ponta da lança no mercado é só o reflexo do arco que se construiu. Não adianta ter a melhor lança e não ter força para lançá-lo.
11 – Estar sozinho nem sempre é ruim
Se você acredita nas suas ideias ou em um plano de marketing que criou, siga em frente defendendo o que acredita, por mais que esteja sozinho.
Os sócios, diretores ou investidores, a princípio, podem não entendê-las de início e você sentirá uma vontade imensa de desistir. Mas, se tiver bons argumentos e acreditar que dará certo, não tenha medo. Dê o primeiro passo por você e siga sozinho o caminho inicial. No final, ao verem os frutos positivos do seu plano, será recompensador.
Eu lembrava dessa lição quando tinha que sair do meu quarto e me direcionar até o local do primeiro encontro diário no mosteiro. Enquanto caminhava durante a madrugada, em meio às araucárias e os bugios dormindo, lembrei de quando eu decidi criar um podcast. Na época me chamaram de louco e ouvi que não daria certo.
Se eu tivesse levado isso em consideração e não tivesse dado os primeiros passos sozinho, hoje eu e minha equipe não teríamos cinco temporadas do Quatenus Station, o primeiro podcast sobre telemetria e gestão de frota do Brasil. Muitas razões me levaram a criar e confiar nesse projeto. Falei sobre elas nesse artigo, no qual ensino as pessoas e empresas a também produzirem seus próprios podcast.
12 – É preciso ter vocação
Sempre digo que, para gerenciar a área de marketing, tem que ter vocação. É preciso fazer as áreas se conversarem, ter uma boa comunicação, tanto com os clientes internos, quanto com os externos, e ainda, mostrar resultados no final do mês, não é tarefa fácil.
Assim como os monges possuem vocação para respirarem fundo, manterem a calma e refletirem, o profissional de marketing também precisa ter determinadas características para ter sucesso.
Foto retirada da página do Facebook do Mosteiro
E por que digo que os profissionais do marketing precisam ter vocação assim como os monges? Pois hoje em dia, por mais que tenhamos em mãos todas as ferramentas necessárias para realizar um projeto, integrar equipes e atrair clientes, se não tivermos capacidade para criar e usá-las ao nosso favor, provavelmente não teremos um bom resultado. E teremos o que? Um resultado menor que a expectativa, o qual citei no item 3.
Quantas vezes você já ouviu as pessoas reclamando que não conseguem desenvolver as atividades do marketing ou melhorar a comunicação com outros setores pois a empresa não possui ferramenta X ou Y? Será mesmo que isso não acontece por causa da falta delas ou por que a pessoa não está apta?
No mosteiro de Campo do Tenente (PR), se os monges não tivessem vocação para seguir uma disciplina completamente regrada, não conseguiriam ficar ali por muito tempo.
13 – As respostas podem estar no silêncio
Pare para pensar. Mas não faça isso na sua empresa. Faça em um lugar no qual você realmente desfrute do silêncio e possa observar todos os detalhes do seu trabalho.
Foto que tirei pelo entardecer lá no mosteiro
O ato da observação, que aprendi com os monges trapistas nessa experiência curta, porém proveitosa, me fez ver que o silêncio pode falar mais que mil palavras.
Para os monges trapistas, o silêncio é uma regra. Tanto é que eles são considerados os “Monges do Silêncio” no Brasil. Tirei a foto abaixo de uma matéria que estava à mostra lá no mosteiro e que falava justamente sobre esse silêncio.
Para quem quiser ler a matéria completa, basta clicar aqui
No dois dias que permaneci ali, pude entender que a capacidade de pensamento não é regida pelo ambiente no qual se encontra ou pelo número de eventos que vai, mas sim, pelo que está dentro de você, na sua reflexão interna.
Afinal, encontramos muitos profissionais de marketing hoje em dia que vão a diversos eventos da área e passam a imagem de que são os melhores em suas funções, mas no fundo não sabem nem mesmo o que defendem dentro da própria profissão.
E se não sabem o que seguir e no que acreditar, como irão fazer com que o público acredite em uma marca?
Tirar um tempo para ficar em silêncio e desacelerar é extremamente importante para entender sua essência profissional. Pode ser bobo, mas, não podemos negar que é eficiente. Se não fosse, os monges trapistas não teriam feito do silêncio uma regra até hoje, concorda?
14 – Para fazer descobertas, é preciso sair da rota
Quando estava a caminho do mosteiro, acabei me perdendo. E, sem querer, descobri um lugar histórico incrível, relacionado à Guerra do Contestado, chamado de Lapa (PR).
Foi na cidade, que fica a cerca de 70 km de Curitiba (PR), que ocorreu o Cerco da Lapa, um dos principais episódios responsáveis pelo insucesso da Revolução Federalista. Durante 26 dias, soldados e voluntários da guarnição militar lapiana resistiram ao ataque das tropas federalistas.
Ao mesmo tempo que o combate foi sangrento, resultando em mortos e feridos, foi extremamente heroico. Se não fosse por ele, as forças de Floriano Peixoto não teriam tempo de se reforçarem em Itararé (SP) e não teriam impedido o avanço dos maragatos ao Rio de Janeiro (RJ).
Imagem da cidade Lapa – Créditos SESC PR
Se eu não tivesse me perdido, não teria descoberto a cidade e muito menos teria parado para pesquisar sobre a importância histórica dela.
Tem gente que fica indignado quando se perde no meio do caminho. Mas se eu puder dar um conselho, mantenha a calma, olhe para todos os lados, e contemple.
Às vezes, perder-se no caminho vale a pena. Pode ser que nesse momento você tenha a oportunidade de conhecer e até mesmo perceber coisas que na sua rota previamente definida não notaria.
Nesse caso, sair da rota é sinônimo de conhecer caminhos novos. Você irá chegar ao seu destino mais tarde? Vai. Mas esse atraso não será negativo, pois chegará ao ponto final com mais conhecimento e sabedoria.
Entrada do Mosteiro Trapista Nossa Senhora do Novo Mundo
Esse “atraso” é comum e muitas vezes necessário no marketing. Se não mudarmos nossos pensamentos, faremos sempre o mesmo caminho para alcançar os objetivos. Se sua empresa quer atrair novos clientes, não basta apenas criar e aplicar um projeto novo, precisa modernizá-lo constantemente.
No início, os leads irão aparecer, pois serão atraídos pelo novo. Porém, se ao longo do tempo você não entregar o produto ou conteúdo de uma maneira diferente ou não o oferecer um novo benefício, pode ser que ele lhe abandone.
E se isso acontecer, o tempo que você iria perder na mudança de rota provavelmente seria bem menor que o tempo para reconquistar aquele cliente ou atrair um novo.
Essas foram algumas das lições de marketing que pude aprender em apenas dois dias com os monges trapistas. Se eu tivesse ficado mais tempo, provavelmente teria aprendido bem mais. Quem sabe eu volte lá um dia?
Você já teve uma experiência como essa? Gostaria de fazer algo parecido algum dia em sua vida e ter aprendizados como esses?
Se gostou do conteúdo, compartilhe com amigos, colegas e outros empreendedores. Assim eles também poderão saber mais sobre estratégia de marketing. Ensinamentos esses que muitas vezes não encontrarão em livros técnicos da área.