

O que leva uma marca ou um produto a ter uma grande legião de fãs ou admiradores? As marcas estão sempre em constante transformação e seus seguidores estão sempre atentos, buscando novidades em torno deste mercado que se mantém em evolução. A construção de uma marca não nasce de um dia para outro. É uma questão de planejamento e foco para alcançar os objetivos pretendidos na construção de uma marca sólida e atrativa. Existem vários exemplos de que uma marca pode unir seus adeptos para trocarem e vivenciarem, em conjunto, suas experiências. Um case interessante é o Harley Owners Group (HOG), que reúne centenas de motociclistas fãs da Harley Davidson. Grupos de todo o mundo são envolvidos por esta marca centenária fabricante de motocicletas. Como o próprio slogan da marca expressa: “Todos pela liberdade, liberdade para todos!”
Como as comunidades da marca Harley são formadas
A marca, seja ela empresarial ou mesmo pessoal, é como se fosse um cartão de visitas. Existem muitos profissionais experts em ajudar as marcas e pessoas a crescerem e se destacarem nos mais diversos cenários. Esses profissionais conhecem o “caminho das pedras” e as formas de alcançar o êxito quando se fala em construção de marca. A Revista Forbes, em seu artigo, indica procurar um mentor para ajudar a encontrar os melhores interesses da sua marca pessoal ou profissional.
Para falar mais sobre a construção de uma comunidade ou um grupo, eu e a Co-fundadora da Mentoring Academy, Juliana Fernandez, conversamos com Eduardo Sérgio da Silva, que é Harleyro e diretor do Harley Owners Group (HOG) no estado de Santa Catarina. Atualmente, existem mais de 3.500 motoclubes no Brasil.
Bastidores das Gravações do Quatenus Station – Fonte da Imagem: Quatenus Station
O mais bacana é que a formação dos grupos de marcas, por vezes não possuem apenas o objetivo de confraternização mas também de gerar segurança aos membros. Veja só esse início do bate-papo que aconteceu na sede da Harley em Florianópolis (SC):
Juliana: Quando você percebeu que existia a necessidade de resgatar os cursos de formação e incentivar a promoção dos mesmos junto à concessionária aqui da Harley Davidson?
Eduardo: O Rider Safety (curso de formação de pilotagem e certificação como Road Captain, para segurança nas rodovias e planejamento de viagens) foi, já na fundação, uma condição básica para você participar da diretoria do HOG. Hoje temos mais de 130 formados e rodamos praticamente todo final de semana.
Dalbosco: Edu, você que está semanalmente, não só em ambiente urbano mas também em rodovias conduzindo, qual é o principal erro que tem visto de condutores de carros com relação a motociclistas?
Eduardo: Acho que o maior problema é que boa parte dos motociclistas não sabe pilotar carro. Esse é o nosso maior problema. Porque obviamente pela facilidade, a moto é muito mais barata. Ele compra uma moto, não sabe o que é um carro. E, tu chegas muito rápido em um carro. Tu és muito veloz…a moto é um salto muito grande. Aí, muito embora, claro, tem um monte de motorista “barbeiro”, como tem um bocado de piloto “barbeiro”, não tenho nem dúvida, bem por aí…mas mesmo com o motorista tomando cuidado, se nós andarmos muito rápido, chegar, por exemplo, no corredor que a gente costuma fazer, chegar muito rápido não dá tempo dele ver a gente. Acho que esse é o nosso principal problema.
Dalbosco: Acha que não?
Como uma marca forte pode auxiliar na captação de recursos no terceiro setor
Eduardo: Eu acho que nem o piloto faz bobagem para querer machucar e nem o motorista faz isso. Na realidade, é o não enxergar a visão do carro. Nosso maior problema é não enxergar a visão do carro. Nós temos, aqui na [Rodovia] Expressa, aqui que é problema sério nosso…se você andar até 20 por cento acima da velocidade que o carro está andando, ele te vê. O carro está aqui, estamos rodando aqui, estamos vendo a Via Expressa aqui, rodando a 30Km/h.
Juliana: Edu, além dos cursos, aqui do HOG, o que mais ele oferece e incentiva?
Eduardo: Eu costumo dizer aqui que para todo mundo que compra uma Harley, eu digo: tu vais conhecer agora o efeito…o efeito colateral da Harley. Tu compra uma moto e tu ganha uma família. Esse é o fundamental do HOG. Nós aqui…vamos botar lá 90 por cento do pessoal que vive aqui dentro do HOG se conhece no máximo há seis anos. Depois de 2012, foi a abertura da loja aqui, parece que a gente se conhece há 30 anos. Aí, se conhece, a gente facilita o encontro de amigos, facilita o encontro de mulheres, facilita o encontro de filhos e, no meu caso, até os netos. A gente traz para dentro do grupo, todo mundo faz parte do grupo. Nós tivemos agora aqui um…uma pessoa agora acabou de sair daqui, comprou uma Ultra (Harley) zero. Me apresentei, dei para ele um pet do HOG, para ele e para a esposa. Tava aqui quase chorando. O negócio traz a pessoa para dentro. É um sentimento de pertencimento ao grupo. Isso é fantástico ali.
Dalbosco: Quem não tem Harley pode integrar o HOG? Apesar do nome ser Harley Owners Group…
Eduardo: Oficialmente, ele não consegue se associar ao HOG, porque ele não tem uma Harley. Agora, para rodar conosco não tem problema nenhum.
Benefícios do HOG – Fonte da Imagem: Harley Davidson
Dalbosco: Quando a gente está no bonde, muitas pessoas pensam que lá atrás estão os menos experientes e na frente é o pessoal mais maduro, com mais anos de pilotagem. É bem ao contrário!
Eduardo: Exatamente o contrário. Todo o pessoal novo, na realidade, ele quer ir para o fundo do bonde para não aparecer e não atrapalhar. É onde ele atrapalha. Lá atrás, o elástico é maior.
Então, o pessoal novo a gente puxa para posição três, quatro, sempre bota ele lá na frente. O que acontece? O Road Captain puxa o bonde e se ele vê que a pessoa não consegue acompanhar, ele diminui. Agora, se ele está lá na frente, o sujeito está lá na posição 10, 12, 15, ele não está enxergando…pessoal não está atrás dele e vai embora.
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Dalbosco: O HOG é formado por homens e mulheres onde não apenas proprietários de Harley, mas a família também acaba integrada nessa grande família. Quais são os princípios hoje defendidos pelo HOG?
Eduardo: Amizade! É aquele efeito colateral. O grupo é…a gente vive junto. É um negócio impressionante. Sai para encontrar o pessoal, volta, como fiz em Curitiba (PR). Saímos daqui com um bonde de…fomos em 28 motos, no bonde do HOG, foi mais o pessoal de outro grupo de moto. Foi o pessoal do nosso grupo com carro. Nós estávamos lá perto de 50 motos em Curitiba.
Dalbosco: Fora que o patch do HOG também identifica muitas vezes…você está num restaurante. Ninguém está vendo sua moto e as pessoas vêm falar contigo.
Logomarca Harley Davidson – Fonte da Imagem: UOL
Eduardo: Exatamente. Você leva susto. Você está ali e “Eduardo!” “Pô, e agora, quem é?”. Foi uma coisa que quando botei o colete, falei para a Tânia, minha mulher, botar o nome. “Não, não” “Bota o nome!” Saber com que vai falar! Tranquilo, a pessoa vem, chama, pede ajuda, vem contar história. É uma família, facilita o encontro da família.
Dalbosco: Edu, eu sou Harleyro assim como você, e a gente sabe que quem é Harleyro geralmente não fala mal da marca, né. A gente é cliente fiél, defensor da marca, vamos dizer assim. Mas também a gente sabe que precisa melhorar sim e sendo mais pés no chão, a gente sabe que precisa melhorar em alguns pontos. O que ainda falta ou que tem decepcionado na Harley? O que pode melhorar?
Eduardo: Olha, é difícil pra gente dizer o que pode melhorar, mas existem algumas coisas que são problemáticas. Tu comprar uma moto e deixar a moto em casa. Ela vai te dar problema. Moto parada é problema! É manutenção…Eu tenho a minha moto e está com 115 mil quilômetros.
Problema é você deixar a moto em casa. Nesses quatro anos, com meu carro eu andei 15 mil quilômetros, com a moto andei 114, 115 mil quilômetros. Então, esse é um problema sério. A modernização da Harley, eu sou meio raiz, meio bruto. Meu sonho é comprar uma carburada. Tem coisas a serem melhoradas, a gente pegou outras marcas que tem tecnologia muito maior, tecnologia embarcada. Agora a dificuldade nossa, quer dizer, as motos são motos pesadas, motos que têm características próprias e realmente têm algum problema. Se realmente você cuidar dela, ela é uma beleza.
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Dalbosco: Quer dizer que até pelo tratamento da marca, com relação ao usuário, tem alguma crítica? Por exemplo, tivestes nos Estados Unidos nos 115 anos da Harley…
O que observas no tratamento lá, já pegando esse link da pergunta anterior, com relação ao usuário? Tem muita diferença comparando ao Brasil?
Eduardo: Não, não tem muita diferença. A maior diferença que eu acho é a questão de povo. O americano…
Dalbosco: Americano é consumidor de Harley…
Eduardo: Não é só consumidor de Harley. O americano em si, sabendo que nós estávamos lá para comemorar os 115 anos da Harley, eles faziam questão de conversar com a gente. Eles nos dão uma recepção de que esse cara está “mandando” dinheiro para cá. O respeito do povo americano com os consumidores da marca. Isso que eu achei impressionante. Eu me senti…
Dalbosco: Melhor que na cidade natal…
Eduardo: Engraçado, engraçado. Agora nos 115 anos da Harley, lá em Milwaukee. O povo de Milwaukee “carrega” a gente. Impressionante, o negócio… Por quê? O americano é assim, um cara aberto, um cara esculhambado como a gente é. O Parade é aberto pela Polícia Rodoviária americana e é fechado pela Polícia Rodoviária americana. Essa parte aqui é a parte oficial do Parade.
Dentro desse grupo, o último passou com uma bandeirinha lá com uma placa de 10 mil motos. Foi uma hora e quinze de filmagem. Eu tenho ela filmada no meu celular. Depois que passou o oficial, que vem aquela turma que não é o oficial, vem no extra-oficial, mais quase meia hora de moto, para ter uma ideia. Oficialmente foram 10 mil, agora pode ser que passou dos 15 [mil].
Juliana: Edu, a gente está falando aqui do evento que reuniu tantos motociclistas. O que faz a Harley ser tão apaixonante? O que faz ter tantos defensores no mundo todo?
Eduardo: É engraçado, né, realmente…Eu estou com 63 [anos]. Eu conheci moto, conheci carro e depois conheci moto daqueles motores Jawa das coisas antigas. Então, aquela era uma paixão de guri pequeno. Java era uma moto tcheca. Aí veio o Easy Rider, um dos filmes mais baratos feitos por Hollywood…
Aquilo ali foi um divisor de águas. Nós tínhamos aqui no Brasil, a gente tinha a Polícia Rodoviária Federal que andava com as Harleys. Aí, a gente…criança…se apaixonava…era um policial rodoviário com uma moto daquela, um cachorro pastor alemão lobo, então que dali nasceu isso.
Dalbosco: Edu, a gente falava há pouco, no evento dos 115 anos da Harley, em Milwaukee. O que dá para aprender com relação à organização de eventos lá fora nos Estados Unidos, onde foi que nasceu a Harley, em 1903, uns eventos que são promovidos aqui no Brasil, não pela Harley, rally, aqui, mas eventos como moto capital…
Eduardo: Estamos em um caminho muito bom. Muito embora, guardadas as proporções, claro, o americano tem uma facilidade financeira muito maior que a nossa. Mas os nossos eventos estão muito bons. A gente teve agora o Outubro Rosa…um evento com 1.450 participantes e inscritos. Aí fizemos uma Parade em Curitiba (PR) e deu mais de 1.000 motos. Negócio assim fantástico. Aí aparece aquele velho sonho de criança. Quem é que organizou o Parade? Quem que nos conduziu no Parade? Quem cercou Curitiba inteira para a gente desfilar sem parar? Polícia Rodoviária Estadual e Polícia Rodoviária Federal. Os caras estavam lá junto com a gente.
Dalbosco: Ali no Paraná, especificamente, deram um grande apoio. Essa seria uma das principais reivindicações ou diferenças que vê que nos Estados Unidos isso é de certa forma constante. E aqui ter esse apoio incondicional do Estado.
Eduardo: Acho que não. Nós fizemos um evento para tratar das leis, aqui na Praia dos Ingleses.
Dalbosco: Praia do Ingleses, aqui em Florianópolis (SC).
Eduardo: Nós juntamos aqui o pessoal da parte da diretoria e marcamos um horário com o comandante da Polícia Rodoviária Estadual…abriu as portas…ele que trouxe o bonde de lá do Ingleses até aqui e levou de volta.
Dalbosco: Edu, o que vistes na organização que aconteceu em Milwaukee. A gente está muito distante…quais os pontos que a gente pode melhorar para chegar naquele nível?
Eduardo: (risos) Primeiro a gente precisa ter dinheiro. Lá eles têm muito dinheiro. Lá é fácil, é fácil.
Fonte da Imagem: Acervo Pessoal Ricardo Dalbosco
Dalbosco: O que lhe marcou que é a principal grande diferença “Caramba, eu nunca tinha visto isso em nenhum evento”?
Eduardo: Estrada! Americano tem muito mais carro que nós. Não existe engarrafamento. Tu podes andar nos Estados Unidos. Tu não podes fazer corredor. E não faz! Tu não precisa fazer. Porque o trânsito flui.
Dalbosco: Isso estimula…e às vezes dá até um desânimo…
Eduardo: Exatamente. Eu saí daqui ontem, por exemplo, o pessoal na chegada em Florianópolis, a gente chegou com chuva vindo de Curitiba. A gente já veio fazendo “corredor”. Chegou aqui no primeiro radar que tem lá na 101, ali em Barretos, ali já embola, já vem no corredor, vem devagarzinho, tal. Aqui na Expressa, outra desgraça, é de chorar. Pessoal que foi… pessoal de Curitiba, de Porto Alegre (RS), que saiu na sexta-feira lá para Curitiba, sofreu o “cão”. Chegou lá às quatro horas da tarde. Para sair de Porto Alegre foi uma trabalheira razoável, para passar por aqui levaram mais de uma hora para passar aqui na…nossa 101…
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Juliana: Nunca me esqueço quando fui para Atlanta. Fiz Atlanta a Orlando, de carro, meu pai foi dirigindo e ele está acostumado a dirigir aqui e sempre pega engarrafamento por tudo. Chegou no meio da viagem e disse “meu Deus, mas não tem um engarrafamentinho aqui…”
Dalbosco: Com relação à estrutura lá no evento, ok, é melhor de acessos. A gente acabou chegando no evento. Qual é a principal diferença que percebestes?
Eduardo: Não tem. O tamanho do evento é muito maior do que o nosso, claro, não tem nem dúvida. As bandas que vão tocar que são as bandas que, né, a gente escuta aqui e lá leva um susto quando dá de cara com ela. Mas fizemos eventos com bandas excelentes.
Dalbosco: O clima é o mesmo.
Eduardo: O clima é o mesmo, o clube é o mesmo. O americano tem uma desgraça que ele vê o brasileiro e ele mesmo vem falar contigo e ele acha que todo mundo fala inglês também e ele vem falando inglês. “Calma, calma, devagar…” Essa é a vantagem que nós temos aqui, todo mundo fala a mesma língua.
Dalbosco: E o Edu só falava assim: “Give me a Guardian Bell and I give you an answer”. Então, me dê um sininho e eu te dou a resposta.
Fábrica da Harley construída em Millwakee entre 1910 e 1920 – Fonte da Imagem: Harley Davidson
Quando a gente fala a respeito da Harley, a gente está acompanhando uma mudança tecnológica na própria marca.
Eduardo: Vai ter que acompanhar, vai ter que acompanhar, não tem mais jeito, não tem jeito…
Dalbosco: A garotada mais nova não quer se sujar de óleo.
Eduardo: A gente também não quer… Old School.
Juliana: O que você tem ouvido dos outros Harleyros com relação a isso?
Eduardo: Nossa tecnologia embarcada em termos de movimentação é o GPS, tá. Agora, GPS no Brasil ainda deixa muito a desejar. Atualização é pavorosa… além de tudo, quer dizer, o trânsito não é atualizado corretamente para esses satélites. Lá nos Estados Unidos, agora nos 115 anos, Chicago estava um canteiro de obra. Coisa assim pavorosa. Mas olha, tudo tinha obra. O GPS funciona lá perfeitamente. Mas era uns desvios malucos. Perguntei a um um motorista de táxi “O que está acontecendo?” e ele disse “Temos só quatro meses de sol aqui, cara, o resto é neve. Tem que fazer agora!”. Quer dizer, o GPS estava atualizado no dia. Impressionante!
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Dalbosco: Me diz uma coisa: com relação a essa virada tecnologia, de forma rápida, duas perguntas em uma: o que lhe agrada e o que não lhe agrada nos modelos que a Harley estão sendo lançados, considerando que é da linha Old School, inclusive viu o Easy Rider nascer?
Eduardo: Eu sou meio suspeito de falar sobre isso. Confesso que estranhei muito a linha dos dezoito, 2018, realmente estranhei bastante.
Dalbosco: Por quê?
Eduardo: Diferente, diferente.
Dalbosco: Desde o LED…
Eduardo: Tudo, completamente diferente.
Dalbosco: Banco de mola.
Eduardo: Agora a gente vê isso vem acompanhando essas novas mentes. Estão vendendo uma barbaridade essas motos. Eu vou ficar na clássica mas está vendendo muito a nível de aceitação para a gurizada nova nessas motos é muito bom.
Juliana: Desde a primeira vez que você subiu numa Harley “Vi a Harley e subi”, o que mudou desde lá em termos de tecnologia?
Eduardo: Eu vou dizer uma coisa, o sonho Harley tem 42 anos, sonhando com uma Harley. Até que em 2012, teve uma grande promoção de Harley e disse “Dá pra comprar!”. E um tio da minha esposa tinha uma Harley, tinha comprado uma Heritage nessa promoção. Eu digo, me empresta a moto, deixa eu ver. Lá em Joinville (SC), eu sai com a moto na [rua] Orestes Guimarães. Lá no fundo, voltei “Agora eu trago uma lá de São Paulo…”.
Eu estava trabalhando em Joinville. Fiquei mais três anos. Vinha todo fim de semana para casa. Ia e voltava de moto e estava assim em um paraíso. Quando eu voltei, passou uns três meses, quatro meses, ela desconfiou que eu ia andar de moto de qualquer jeito. O que ela fez? Deu minha Fat Boy de entrada na loja e comprou a Old King. Queria matar! Meu Deus do céu! Deu separação de uma semana de briga, sou apaixonado pela Fat Boy. Não deu jeito.
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Dalbosco: Ela queria uma moto para ela também.
Eduardo: Queria uma moto. Minha mulher tem três operações na coluna, andava de bengala. Hoje ela é fotógrafa do grupo. Ela tira foto a 140 quilômetros por hora, de costas para mim e de fundos para o pessoal atrás, é impressionante. Acabou a bengala, acabou tudo. O melhor psiquiatra do mundo…
Dalbosco: Edu, só lamento informar que a gente vai cortar essa parte do podcast porque vai que alguma mulher está escutando o que estás falando e começa a dar de entrada, se livrar das motos, dos Harleyros, a gente vai criar problema…
Eduardo: Verdade, é verdade…
Presente que ganhei de uma integrante da minha equipe na Quatenus – Fonte da Imagem: Acervo Pessoal Ricardo Dalbosco
Dalbosco: Edu, em termos de segurança, desde a primeira vez que tivesses Harley até hoje, quais os principais itens que tem percebido?
Eduardo: Primeira coisa é a gente descobrir que não é Highlander e a gente tem que saber aprender, entender que a gente é mortal.
Dalbosco: Que não é Super Homem…
Eduardo: Não é Super Homem… Então, a partir deste minuto, tu começa a tomar cuidado. Não é uma brincadeira, não é um negócio, não é um brinquedo. Ele é…assim como o carro, as diversões da gente tem risco. Agora, tem que tomar cuidado, não pode fazer brincadeira com uma moto. É sério. Um tombo é feio, ainda mais na estrada, é feio o negócio.
Dalbosco: Desde os primórdios até hoje em dia, como dizia a música, o que tens percebido de mudanças de itens de segurança na moto? Qual a principal evolução que tens percebido?
Eduardo: Olha, tem um item que sou obrigado a reconhecer que ele é fundamental, mas eu não gosto dele. Mas ele é fundamental. É o “raio” do capacete… (risos) Mas não tem jeito, gente.
Dalbosco: Imagina que na década de 90 todo mundo andava…
Eduardo: Eu andei, eu andei sem capacete…
Dalbosco: Carro sem cinto, você se lembra? Quando era criança, era nesse estilo…
Eduardo: No carro, em um Fusca, depois de um determinado tempo, eu resolvi usar cinto [de segurança]. Não era obrigatório e eu usava cinto. Claro, isso era uma idiotice minha…
Dalbosco: O banco não tinha nem suporte de cabeça.
Eduardo: Exatamente. Ficava aquele negócio pendurado ali. Aí, de repente, virou lei e eu não queria usar.
Juliana: Agora está explicado porque o Easy Rider e o Selvagem da Motocicleta Selvagem, só tem um que usa capacete. Os outros…
Dalbosco: E o que usa o capacete é o capacete de futebol americano… Como era o…
Eduardo: Jack Nicholson…
Dalbosco: Jack Nicholson que, inclusive, foi a partir daquele filme que foi um impulsionamento na carreira dele.
Eduardo: Outras coisas que acabam…luva é um negócio…mas por que luva? Bonito? Para enfeite? Não! Tem hora que se cair você vai rolar. Se rolar, o que você vai fazer? Segurando com a mão. Vai raspar a mão inteira é o “cão”! Não adianta…é aquela joelheira, cotoveleira, coisa…proteção de coluna. Precisa…a gente reina para usar, mas é aquela história: se você andar 110Km/h, se você andar na velocidade da pista, a possibilidade de ter algum problema é muito menor. Embora você resolva puxar um pouco mais, se cuida porque a gente é mortal.
Dalbosco: O Edu deve ter visto isso agora nos Estados Unidos. Os estados muitas vezes são soberanos para determinadas leis. A questão do uso do capacete tanto em motocicletas como em motos e lá vai… Em determinadas regiões é obrigatório e outras nem tanto.
Eduardo: Nós fizemos lá a Tail of the Dragon. Fiz sem capacete (risos). Tem foto, eu e a mulher sem capacete.
Rota Tail of the Dragon – Fonte da Imagem: Tail of the Dragon
Dalbosco: Porque era Legal, certo? Era permitido pela legislação…
Juliana: Já que nós estamos falando de segurança, dos itens necessários, para se manter seguro, nós temos que manter a nossa motocicleta segura também. Pegando o exemplo da sua, que é uma Road King Classic, o modelo mais atual, se eu não me engano, custa no mínimo 78 mil [reais] por aí…
Dalbosco: Fora os acessórios que elevam os 78…
Eduardo: Essa é a parte mais barata. (risos)
Juliana: Para manter este modelo de moto segura da Harley, por exemplo, o consumidor vai desembolsar de 3 a 5 mil [reais] em seguro. Se ele for…
Dalbosco: Depende do perfil…
Juliana: Dependendo do perfil, da idade, da região também, dependendo da região que tem muito mais de furto e roubo, mais violência. Você também… quando você comprou a sua Road King e nos dias de hoje você também se preocupa com essa subida anual de seu seguro. Isso lhe preocupa?
Eduardo: Está muito caro o seguro no Brasil. O seguro no Brasil é muito caro ainda porque também não é tão difundido, talvez até…talvez não… é o peso da economia brasileira. Agora, o seguro é importantíssimo. Não tem jeito. Não pode brincar com…Tens um brinquedo desse e tu…em uma brincadeira, em uma bobagem, perde. Não dá para perder isso. Quanto mais gente fizer seguro, mais barato ele vai ser. Nosso seguro é muito mais caro do que o seguro americano. E o poder aquisitivo do americano é muito maior do que o nosso. Agora, lá tudo é segurado. Eles não imaginam fazer nada sem seguro. Daí nós aqui… com dinheiro na estica para comprar a moto aí deixa de fazer seguro. Acontece um problema…mesmo que você não faça nada, alguém bate na moto, alguém…
Juliana: Furto, roubo, alguma coisa assim…
Eduardo: Vai ficar pendurado pro céu!
Dalbosco: Pois é. A gente tem muitos clientes que estão recorrendo até ao sistema de rastreamento por causa do custo porque tem uma média de subida de 6 a 9%, de custo ainda operacional e a gente atende muitas pessoas.
Eduardo: Muito caro…
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Dalbosco: Custo ainda operacional. Que a gente atende muitas pessoas lá. “Ó, quando eu botei na ponta do lápis, realmente, não compensou”…neste sentido a gente está percebendo esta grande mudança no mercado nacional. O furto e o roubo também não diminui, então aumenta muito mais.
Eduardo: Cada vez pior…uma era a saída do rastreamento, tanto do carro, como da moto, é uma coisa abençoada. Porque a nossa moto não tem, assim, muito mercado para roubo. Graças a Deus tem, não é para brincar com ela não, mas tem.
Dalbosco: Importante falar pró-ativa com relação à segurança.
Eduardo: Exatamente.
Dalbosco: Só se preocupa em fazer um seguro, botar um sistema de rastreamento básico depois que acontece algum “pepino”.
Eduardo: E o seu sistema de seguro é mais barato?
Dalbosco: Sim, dependendo do perfil a gente consegue também fazer isso, dependendo da seguradora, que hoje ela identifica, como a Juliana falou, dependendo do perfil de furto e roubo, dependendo do tipo de moto, a seguradora hoje vai ter que obrigatoriamente vai ter que ir com um rastreador senão vai dar “pepino”.
Eduardo: Comparada com as motos de custo parecido, similar com a Harley, nosso seguro é um pouquinho mais barato, é verdade.
Dalbosco: E a moto, diferente do carro, é mais fácil sumir com uma moto…
Eduardo: Sim…
Dalbosco: Então, eu acho incrível hoje em dia muita gente pilotando sem nenhum item de segurança. E ainda confia ainda naquelas travas básicas, aquele alarme bem básico…
Eduardo: A gente vê no Youtube, o cara encosta uma camionetezinha do lado, pendura e vai embora.
Local de gravação do Quatenus Station – Sede da Harley Davidson em Florianópolis (SC) – Fonte da Imagem: Quatenus Station
Juliana: Edu, aqui no Quatenus Station e no nosso blog quatenusonline.com.br, nós gostamos de falar de eventos que valem a pena ir. E o HOG organiza vários eventos, encontros para reunir os Harleyros. Qual é o seu evento favorito desses que o HOG organiza?
Eduardo: Olha, para mim, hoje, o melhor evento que nós temos ainda é o Outubro Rosa em Curitiba (PR). É um evento fantástico que além de você encontrar, a maioria dos seus amigos vão estar lá, ainda você está fazendo um bem em prol da cura do câncer. Isso é fantástico.
Dalbosco: Cada HOG, por exemplo, você é diretor da HOG em Santa Catarina. Existe uma presidência nacional ou como é que está?
Eduardo: Não. Cada Chapter tem um diretor ou uma diretoria.
Dalbosco: Edu, mesmo fazendo todo o planejamento, muitas vezes para um passeio, para uma rota, escolhendo as melhores rotas, inclusive, você se sente inseguro em determinados locais que se tem passar ou estacionar, ou que se tem que se frequentar, por exemplo? Você está como responsável de várias pessoas.
Eduardo: Faz parte do planejamento. A gente simplesmente evita de colocar o bonde em um local que a gente não conhece. Se nós nunca fomos ao local, ou vamos lá, em último caso a gente vai lá ou a gente conhece alguém de lá e pede orientação. Aí, procura dentro mapa, dentro do Google Street View para entender como funciona lá dentro, porque é muito…vamos dizer assim que é bem amadora a coisa. Não tem nem dúvida…
Até porque as fotos do Street View são de dois, três anos atrás. Então, é um probleminha sério. A gente não brinca com isso. Os roteiros são perfeitos. Dificilmente a gente encontra problema neles, mas daí o problema de confiar nos GPSs.
Dalbosco: Eduardo, quem já rodou 115 mil quilômetros em quatro anos de Road King Classic, você já deve ter frequentado, claro, diversos eventos e eu o acompanho também. Nessa questão, o que tem visto nesses diversos eventos o principal problema que é recorrente? Existe alguma coisa de evento em evento que o pessoal não acertou a tacada certa?
Eduardo: Não. Na minha modesta avaliação, pessoal… quer dizer, dentro dos módulos, grupos HOG, tem um condicionamento de responsabilidade com o grupo que nos faz sentar, estudar o que, qual é o projeto, o que pode dar certo, o que tem, o que pode dar errado e a gente minimizar esse problema. Realmente, o maior problema que a gente tem na condição de bonde é o pessoal que é novo. Esse é o nosso maior problema. E isso é recorrente.
Mas aquela história: tem que deixar o motociclista ter o tempo dele…ele se habituar a rodar na estrada, você não pode forçar ele a fazer nada para não ter problema. Então, a gente vai conversando com ele na viagem mesmo. Que cuidados ele precisa ter e incentiva a fazer o Rider Safety, que é um curso que torna ele mais apto ao serviço, ao trabalho… não ao serviço, à diversão…
Dalbosco: Edu, há pouco, a gente falava do Easy Rider, em 1969, da Jane Fonda, entre outros ali e que foram ali um divisor de águas, principalmente pela marca Harley e acabou impulsionando ainda mais esse branding, essa construção de marca dela. Quando a gente pega aquele estilo lá passado lá onde o perfil do harleyro que é: vou dormir onde? Onde eu quiser e onde tiver a possibilidade eu encosto do lado da moto e uso de travesseiro o capacete e apago ali. Hoje, o perfil está um pouquinho diferente, principalmente para quem vai na garupa. Em determinados eventos, o posto está ficando mais chato, vamos dizer assim?
Eduardo: Não, não…Se for para facilitar, o que a gente precisa ter é um quarto limpo, uma cama boa e um bom banho, um bom chuveiro. O resto, é sossegado. Não tem, não tem. Claro que é muito melhor parar em um hotel cinco estrelas, seis estrelas, não tenho dúvida. Agora parar em uma pensão, não vê problema nisso…
O Quatenus Station é um podcast pioneiro no segmento de tecnologia no Brasil desenvolvido anos atrás para a área de telemetria. Tive o prazer de liderar esse projeto que hoje já conta com dezenas de episódios gravados no Brasil e no exterior. A Quatenus é referência em tecnologia de informação, estando presente em quatro continentes e atendendo mais de 30 mil clientes.
Veja abaixo o vídeo Visual Thinking resumindo o episódio sobre a Harley Davidson e o HOG:
Nunca é tarde demais para procurar auxílio quando uma pessoa busca fortalecer sua marca. A decisão de procurar um expert no assunto só depende de cada um. Há que se verificar qual o objetivo que se pretende chegar. Muitas pessoas tentam sozinhas buscar êxito na questão do fortalecimento da marca pessoal e profissional. Sozinhos, alguns conseguem; vários outros não conseguem atingir a meta estabelecida.
Um estrategista em marca pode ser o ponto de partida para alcançar o sucesso pretendido. Quem já buscou orientação ou mentoria para engrandecer sua marca, comemora os resultados obtidos. É mais rápido e bem mais assertivo pois obtém como guia quem já vivenciou os desafios que você tem nesse momento. Marcas pessoais e empresariais têm buscado melhores posicionamentos no mercado onde estão inseridas.
Constantemente, grandes marcas se importam com a reputação e construção de autoridade. Hoje em dia, com a Era Digital, formar comunidades é um passo estratégico para se conseguir ganhar cada vez mais admiração (e compras) do público-alvo. É difícil chegar ao topo, mas é ainda mais difícil se manter no topo. Por isso, tanto a Harley Davidson quanto marcas pessoais fortes, estão sempre investindo em processos de melhoria contínua.