

Muitas pessoas dedicam parte do seu tempo ao voluntariado. Além do trabalho e da família, também se dedicam em ser voluntário em uma entidade, instituição ou mesmo em uma escola como o Bolshoi. Este trabalho é um diferencial na vida de vários profissionais que procuram ir muito além do dia a dia de escritório e da casa. Dar sua contribuição ajuda na autoestima do profissional e deixa a pessoa mais alegre e feliz.
Em recente pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), aproximadamente 7,2 milhões de pessoas são voluntárias no Brasil. Este número representa 4,3% da população com mais de 14 anos ou mais, o que, particularmente, acho pouco.
Trabalhos voluntários realizados em 2018 – Fonte da Imagem: Agência de Notícias IBGE
O terceiro setor sempre esteve em evidência nas últimas décadas, fazendo parte inclusive não apenas de uma pressão social sobre as empresas, mas também em processos seletivos. Profissionais das mais variadas carreiras buscam agregar ao seu currículo um trabalho comunitário que ajuda as pessoas diretamente ou às entidades. Este trabalho, que não possui remuneração e, como o próprio nome diz (voluntariado), você doa o seu tempo para ajudar.
Conversei com o presidente da Escola do Teatro Bolshoi no Brasil, localizada em Joinville, médico Valdir Steglich, sobre a escola e seu lado voluntário que exerce, administrando a única filial do Bolshoi fora da Rússia, sendo um orgulho para Joinville, Santa Catarina e Brasil.
Acompanhe a entrevista completa que realizamos dentro do ambiente da escola:
Dalbosco: Doutor Valdir, como que um gaúcho, formado em Medicina, veio parar como presidente do Bolshoi no Brasil?
Valdir: Isso começou muitos anos atrás com minha filha Raquel, que hoje é médica. Ela fazia balé e em um ano, o Luiz Henrique no Festival de Dança anunciou que Joinville iria ter uma Escola do Teatro Bolshoi, da Rússia. Isso foi em 1998.
Em 1999, foi assinado o acordo e, em 2000, iniciou a escola. Então, como ela fazia balé na Casa da Cultura, a gente ficou muito feliz não só por ela, mas por todas as crianças que teriam esta oportunidade de fazer dança. E ela veio para ser aluna da Escola. Ficou um tempo aqui e ficou um ano estagiando no Teatro do Bolshoi na Rússia e depois optou por voltar para Joinville porque ela estava na faculdade de Medicina. Hoje é médica e está trabalhando. E participa aqui da Escola como amiga, como voluntária também, dando suporte quando precisa. Eu, por causa da Raquel, então, sempre estimulei meus filhos a fazer uma atividade física. A Raquel, no balé. Meu outro filho, no esporte: judô, futebol, assim…
Quando a Escola começou aqui, ela precisava de médicos também para fazer exame médico destes futuros alunos, futuros bailarinos, para integrar o início da escola. Então, junto com outros colegas do Instituto de Ortopedia, começamos a fazer os exames médicos das crianças e fazemos até hoje através do IOT (Instituto de Ortopedia e Traumatologia) junto com os alunos da faculdade de Medicina. Nós organizamos todos os anos a seleção da parte médica destes alunos. Mais adiante, em 2005, 2006, eu fui convidado pelo então governador Luiz Henrique da Silveira para integrar o Conselho de Administração e, naquele Conselho, várias autoridades da cidade, pessoas da sociedade, eu fui indicado a ser o presidente da Escola, em um momento em que ela estava com algumas dificuldades.
E, começou, e até engrenar necessitou de um “sangue novo”, digamos assim. Eu fui convocado a dar meu apoio para a cidade, para a Escola. Via neste projeto uma coisa muito boa, onde havia a possibilidade de pessoas com talento e, através da meritocracia, conseguirem galgar outras oportunidades e até mudar de posto de vida e ajudar as suas famílias e tudo mais. Lá atrás era difícil ver isso. Hoje é muito mais fácil.
Então, felizmente o que o Luiz Henrique enxergou, eu consegui ver como outras pessoas viram, como os funcionários que se dedicam. Tem vários com 15, 20 anos aqui na escola. Viram isso como uma oportunidade de ajudar ao próximo. Foi aí que eu me engajei. Em uma forma voluntária, vieram outras pessoas junto comigo.
Até hoje sou voluntário. Mas eu tenho apoio de muita gente, dos Amigos do Bolshoi, dos empresários. Dos funcionários, porque são eles que fazem as coisas acontecerem. Me auxiliam, são meus facilitadores para que a escola possa progredir. Tem a parte artística, tem a parte administrativa que isso aqui é como se fosse uma empresa. Uma empresa que depende do dinheiro público, de outras pessoas, de outros mecenas, dos Amigos do Bolshoi, patrocinadores, que acreditam neste projeto. Então, a gente tem que dar resultados. E o resultado, como eu digo, da escola… O que aparece mesmo é a ponta só. Que são as apresentações, o palco, a beleza, a leveza, o conjunto todo que a escola apresenta nos mais diversos balés que ela realiza e mostra ao público. Encanta as pessoas. Mas o que está atrás do palco, é muito mais. Não é só a parte material, mas sim a parte da vida, transformação de pessoas, educação, cultura.
Eu, como médico, posso ver através da cultura e da educação uma forma de melhorar a saúde. Melhorando a saúde, melhora a qualidade de vida das pessoas. Então, isso faz com que realmente Joinville, as pessoas que estão aqui, as pessoas que conseguem acompanhar as apresentações da escola, tem algo a mais. Tem aquela beleza, aquela alegria. Se você estiver alegre, você vai estar bem contigo mesmo. Você tem coisas bonitas, você vai se sentir bem. E é isso que a escola proporciona à plateia: a leveza, a beleza, a harmonia, a educação, a organização. Então, isso as crianças levam para a vida, porque nem todos vão ser os primeiros bailarinos ou as primeiras bailarinas, mas eles têm uma formação, uma educação para vida. Tem um projeto de cidadania.
Então, a gente consegue através da meritocracia transformar vidas e melhorar a qualidade de vida destas pessoas e pessoas ao seu redor. E elas saem daqui e vão para suas comunidades, no Nordeste ou em outros Estados. Elas vão repassar o conhecimento daqui e o formato dentro de suas limitações na sua localidade. Isso faz com que muita gente, muita criança, saia da marginalidade e possa ter uma oportunidade em um outro setor.
Dalbosco: Pelo que eu conheço do Bolshoi, doutor, as histórias são inúmeras e sempre de superação. Sempre uma continuidade pela busca da excelência de dedicação, não só do aluno, mas também dos pais. Porque às vezes são crianças muito jovens vindo morar em Joinville, só que muitas vezes, depois os pais acabam vindo para cá. Aí você causa um impacto social positivo não apenas na vida de uma pessoa mas de várias, e que às vezes fora da ambiente familiar, acaba estimulando muitos jovens naquela região, da onde saiu aquela pessoa. São inúmeros casos que provavelmente o doutor, claro, conviveu nos últimos 20 anos de história do Bolshoi. Mas tem alguns casos que marcam. O doutor citaria algum que realmente lembra com carinho especial?
Valdir: Olha, tem muitos e muitos mesmo…,mas eu tenho um. Foi uma coisa, a vários anos atrás já, era presidente da escola e num dos aniversários, os funcionários me deram uma camisa e fizeram um quadro e agradeceram: “Obrigado por você vestir esta camisa.” E eu peguei e coloquei no meu consultório e está lá até hoje no meu escritório. Atrás ali tem algumas fotos de mãos, como eu sou ortopedista de mãos, e estava ali. E entrou um casal. Uma senhora com uma criança no colo e outro senhor, senhorzinho. Enquanto eu atendia esta senhora, o senhor pegou este neném no colo e estava ali ao lado eu vi que ele ficou a minha direita, ficou olhando meu consultório. Daqui a pouco ele chegou e falou:
– “O senhor é Amigo do Bolshoi?”
– Eu disse: “Sou Amigo do Bolshoi. Por quê?”
– “Eu vi aquela camiseta ali ó. Coisa boa que você é Amigo do Bolshoi”.
– “Mas por quê?”
– “Porque meu filho era um rebelde e não queria estudar, não queria isso, não queria aquilo…e entrou na escola e está no segundo ano. A escola transformou a vida dele.”
Dalbosco: Isso aconteceu no IOT?
Valdir: Isso foi ali no IOT, no Instituto de Ortopedia. Então, é uma coisa assim: a gente não sabe, fora as outras histórias que a gente conhece, a gente comunica. Então, é uma situação que eu vivi, em um momento inesperado veio esta informação. E tem outras, várias outras. Você está em algum lugar e a pessoa diz: “Eu passei pela Escola”. Tem muitas histórias iguais a esta que emocionam e eu vejo assim a gratidão destas pessoas, pela oportunidade que a escola oferece e eles realmente procuram pegar com todas as forças. Pode até não ser o melhor bailarino, a gente vê que eles buscam aquilo para buscar algo mais.
Então, o aluno que entra aqui através do trabalho da equipe de psicólogas, assistentes sociais, nutricionistas, pessoal da fisioterapia, do apoio médico, não só dos ortopedistas mas de toda a outra parte médica da cidade como pediatras, clínicos, dermato, gastro. O que precisar, o pessoal da imagem. Porque bailarino é um atleta de alta performance. Então, ele também sofre traumas, entorce, ele precisa fazer algum exame de imagem, então eles, pro bono, por troca de patrocínio, com sendo Amigo, eles fazem isso para a Escola. E isso é que a gente consegue movimentar uma série de entidades, de pessoas em prol desta Escola. E essa Escola retribui para a cidade, para a comunidade, para Santa Catarina, para o Brasil, com o quê? Com as apresentações, ajudando a formar estas crianças.
A escola é uma escola de balé, mas também é aquela escola de formação técnica, que ela lhe dá o seu contraturno. Um turno ela está na escola e o outro turno ela está aqui na Escola Bolshoi.
Dalbosco: As pessoas acabam pensando que quando vem para o Bolshoi, ele para de estudar. Bem diferente.
Valdir: É bem diferente. Nós temos uma pedagoga que acompanha todos os alunos nas escolas, sabem as notas. Tem que tirar notas boas. Não adianta ser um bom bailarino se não tiver nota boa. Você pode ser o melhor bailarino, mas quem não tem nota boa vai ficar para trás. Isso já aconteceu aqui. Um menino estava para se formar, mas ele levou muito na brincadeira e não passou de ano. Ele não se formou na oitava série aqui do Bolshoi. Quando ele repetiu o ano no ensino regular, passou no ensino regular, ele repetiu aqui no Bolshoi.
Dalbosco: Aprendeu…
Valdir: Aprendeu. É importante ele aprender um ofício e sair técnico em dança clássica, mas antes de ter isso ele tem que ter a formação educação e cultural completa. Isso é uma coisa que nós não abrimos mão. Então, ele precisa aprender a ler e escrever, multiplicar, dividir, aprender línguas, aprender cultura, aprender educação, aprender higiene, aprender tudo. Ser um cidadão realmente que possa transmitir e possa melhorar o seu meio em que vive.
Dalbosco: Valdir, nos últimos 20 anos, além de várias histórias positivas, também são histórias de superação da própria administração do Bolshoi. Governos distintos, fases distintas. Alguns tropeços mundiais acontecendo também: petróleo 2008, depois nova crise imobiliária 2012. Brasil entrando em 2014 com toda aquela confusão econômica política nos últimos anos. Mas quando a gente vem para o Bolshoi, existem superações internas também. Na sua visão histórica, quais foram as maiores superações frente a quais desafios o Bolshoi passou?
Valdir: Na Escola, eu digo o seguinte, de 5 em 5 anos, ela tem alguma coisa para superar. Do 5 para 6 anos, então, quando nós assumimos houve alguns momentos de incerteza, de insegurança e, graças ao apoio, do pessoal da Rússia que estava aqui, aos funcionários acreditarem no que estava acontecendo e principalmente ao apoio do Luiz Henrique da Silveira, do Teatro Bolshoi na Rússia. E fui à Rússia conversar com eles e nós conseguimos fazer com que realmente a coisa acontecesse. Naquela época estava aqui a Galina Kravchenko, uma das que vieram junto com o Pavel. Eles acreditaram nesta continuidade desse modelo aqui. Nós conseguimos e aos poucos fomos recuperando, mostrando que era importante para os governos municipais, estaduais, a importância da transformação destas crianças, destes alunos.
Foi passando, aos 10 anos teve nova fase. Nós começamos a fazer a companhia jovem, começamos a ter uma ideia de fazer alguns balés já. Então, são momentos de dificuldade, apesar de pouco dinheiro, se aprendeu muito com os funcionários. Cada um usando a sua imaginação, o seu conhecimento e se adaptando às condições. Eu acho que para chegar onde chegamos hoje, este ano, com toda a situação da pandemia, nós tivemos que mexer na carne, cortar na carne, como se diz. Reduziu-se a carga horária, reduzir drasticamente o salário dos funcionários e eles entenderam a preocupação, a necessidade. Todo mundo continuou unido. Pode ver aí, no dia a dia.
E detalhe: apesar da gente ter reduzido, como é por lei, eles estão trabalhando tanto ou mais do que antes. Muitos e muitos deles estão aqui vestindo a camisa. Muito mais veste a camisa do que eles mereceriam com o salários. Eles estão aqui porque gostam. Eu acho assim: nas coisas da vida, você tem que gostar do que você faz. Gostando do que você faz, vai se sentir bem. Não interessa o valor financeiro. O valor de satisfação é muito maior que todo o dinheiro. O dinheiro é importante, desde que supram suas necessidades básicas e você esteja em um ambiente agradável, de trabalho. É isso o que a gente vive aqui. A Escola Bolshoi é uma grande família, onde tem os pais dos alunos, onde tem os alunos, onde tem os funcionários, os professores, têm os pianistas. Quer dizer: é um conjunto todo, que você vê no dia a dia, comemorações de encerramento no final do ano, a grande maioria das pessoas está junta.
É uma alegria eu estar como presidente da Escola porque eles me dão um retorno de satisfação e eu vejo o resultado, a multiplicação do que é feito aqui dentro. Isso é a coisa mais importante. Não tem dinheiro que pague isso. Eu que vim de uma família pobre. Meu pai disse que só ia dar para mim o estudo. A minha herança era o estudo. Para os meus irmãos também. Então, a gente se agarrou, foi buscar, se formar. Eu me formei em uma escola pública, uma universidade pública.
Dalbosco: No Rio Grande do Sul?
Valdir: Em Santa Maria, em 1981. Sinal que já faz alguns anos. Naquele tempo, eu tinha cabelo. E acho que é a minha contribuição de ajudar outras pessoas. Eu cresci e me desenvolvi profissionalmente nesta cidade. Então é o que eu posso ajudar. Se cada um de nós pudéssemos fazer um pouquinho, ajudar um pouquinho, nós vamos fazer muito mais. O Brasil, com certeza, vai sair desse sufoco. O exemplo é aqui na Escola, com dificuldades, estamos passando o ano. Passando o momento da pandemia. A Escola não parou, os alunos não pararam de ter aula. Então, tudo online. Nós nos adaptamos e isso que a Escola tem. Ela consegue rapidamente se adaptar e se reorganizar, se fortalecer para continuar.
Bastidores do Episódio na Escola Bolshoi – Fonte da Imagem: Acervo Pessoal Ricardo Dalbosco
Dalbosco: Algo que costumo falar e que vi aqui, doutor, eu não vejo pessoas empolgadas. Eu vejo pessoas dedicadas. Empolgada é aquela pessoa que simplesmente dá um tiro de adrenalina e depois cai. Aqui realmente, com quem a gente fala, com quem a gente encontra, com quem a gente trabalha, realmente são pessoas dedicadas para fazer o negócio dar certo e constantemente. Por uma paixão, por ver o trabalho ir em frente, por ver o resultado e nada mais gratificante de ver o resultado.
Hoje de manhã, estava com a Luana, que está na Rússia. A Vitória, na Companhia. A Néia, a mãe do aluno João, que veio de Osasco há três anos para realizar o sonho do garoto. Muito novo. Cada história é um espetáculo. O Pavel por aceitar o desafio e vir da Rússia para cá. Eu achei muito engraçado quando ele comentou que “acho que você vai para o Brasil”. “Eu vou para o Brasil?” Na época acho que não era muito, tipo, não era o presente que ele queria.
Clique aqui para descobrir o que aconteceu no episódio com a Néia
Valdir: Como eu sempre digo, tem momentos. Tem o fato de começar de alguns professores russos virem para cá acreditarem no projeto. Ir passando. E chegou o momento. Tudo na vida existe a acomodação. Então, quando você está em uma zona de conforto, você se acomoda. E aqui na Escola eu vejo que a gente está sempre “vamos fazer mais, vamos buscar isso, vamos buscar aquilo.” Por quê? Porque as pessoas que estão aqui dentro amam o que fazem, elas adoram o que estão fazendo e elas fazem isso com alegria. Muito mais. Não se preocupando em o que eu vou ganhar em troca. Não. Elas fazem isso com prazer.
Então, se você tem um trabalho com prazer, é prazeroso para você. As coisas fluem naturalmente para você. Então, acho que é isso que a escola tem ao longo do tempo. Agora eu estou para lá e vi o poster do livro. O livro também nós decidimos. Três pessoas aqui da Escola. Vocês têm que fazer o livro em tempo recorde. Tinha a Albenize, a Bernadete que não está mais conosco aqui, se aposentou. Tinha também a Adriana que trabalhou muito em casa, nas férias, e quando chegou em janeiro/fevereiro aqui para terminar o livro foi um trabalho de vários dias. Nós sentamos e discutimos, conversamos, acertando as fotos. Acho que precisa trocar esta, trocar aquela. Então até que chegou a um consenso.
Livro 20 anos Bolshoi – Fonte da Imagem: Acervo Pessoal Ricardo Dalbosco
Dalbosco: Ao estilo Bolshoi de ser, aos mínimos detalhes…
Valdir: O livro, assim, foi uma coisa muito legal. Muito legal, foi feita a várias mãos e conta um pouquinho, muito pouco mesmo desses 20 anos da escola. Pouco tempo atrás, conheci um grande empresário de uma grande indústria farmacêutica e me tornei amigo dele através de outras pessoas e ele se tornou Amigo do Bolshoi, patrocinador do Bolshoi e agora nesta fase eu acabei ligando para ele para ver se ele poderia dar um apoio e ele: “Não tem problema Valdir. Vou ver como é que está lá”. Nos ajudou, foi muito importante neste momento, a União Química. Vou usar o nome aqui, não sei se pode.
Dalbosco: Espetacular. Acho que é muito legal.
Valdir: É o seu Fernando da União Química. Ele me liga me pedindo, porque ele tinha recebido o Amigo do Bolshoi, a gente mandou um livro para ele. Ele queria vários exemplares, se eu pudesse mandar para ele para quê? Para mostrar o que era um projeto para outras pessoas e principalmente para o staff principal dele dentro da sua companhia.
Então, eu acho que só este fato, um retorno que eu tive de uma pessoa importante, que vive nos Estados Unidos, vive com grandes empresários, com a agenda cheia, ele dando este testemunho mostra que o trabalho feito por estas três pessoas aí foi sensacional. Nós, Pavel e eu e mais dois, três, só olhamos. Só criticamos, digamos assim. Mas criticamos no bom sentido e isso realmente aqui tem. É uma crítica construtiva…
Dalbosco: Crítica modesta é porque quer melhorar.
Valdir: É para melhorar. Então, você pode ver. A cada apresentação os professores se reúnem com os bailarinos, ou com os alunos e começam a conversar, a explicar, elogiar as coisas que fizeram muito bem. E aquele problema foi assim, mas da próxima vez você faz isso, faz aquilo. Quer dizer: há um aprendizado direto. Eu aprendo muito aqui. Então, a minha vida lá fora, como médico, muitas e muitas vezes preocupado com um paciente, com a cirurgia ou outra, aqui eu vou ter uma tranquilidade. Apesar das preocupações também lhe dá uma certa…
Dalbosco: É outro tipo de satisfação…
Valdir: É outro tipo de satisfação. Então, é o meu relax, digamos assim.
Dalbosco: Doutor, deixe uma mensagem tanto para os pais assim como potenciais alunos do Bolshoi e potenciais patrocinadores. Até um incentivo para virem conhecer a estrutura ou contactar a estrutura porque como você falou lá no começo o que eles veem é apenas a ponta do iceberg. A estrutura mesmo custosa de desafio e superação é um processo por trás do palco, está no backstage e não está no stage, no palco, vamos dizer assim.
Valdir: Exatamente. Então, você que não conhece a Escola, venha visitar a Escola Bolshoi aqui em Joinville. Eu tenho certeza que você vai se surpreender. A Escola, como eu sempre digo, tem um começo, meio e fim. É um projeto social da área educacional e até turístico.
Então, ela realmente, de onde é que você pode imaginar que Joinville tem uma escola Bolshoi e é um ponto turístico que vem pessoas das mais diversas regiões do Brasil visitar a escola, visitar o dia a dia da escola e isso é possível graças ao apoio dos pais. Aos pais acreditarem que realmente seus filhos aqui vão ter uma boa educação, não só do ensino regular, mas também uma excelente formação do seu planejamento artístico, no seu projeto artístico cultural para o resto da vida.
Dalbosco: Que para muitos vira um projeto profissional.
Valdir: Profissional e profissional de sucesso. A marca Bolshoi, você já conversou com outros, ela acaba extrapolando todos os limites e ela é muito mais que uma Escola. Então, realmente é muito mais. Ela tem aquele projeto social, aquele projeto de inclusão social, aquele projeto de transformação de vidas e fazer com que realmente você possa ganhar a vida através da arte, da dança e da cultura. E isso só é possível graças ao apoio dos patrocinadores e dos Amigos do Bolshoi. Então, hoje em dia, está muito na moda as empresas trabalharem o terceiro setor e a Escola Bolshoi, como outros projetos, são projetos que podem ser apoiados e, com certeza, você vai ter retorno disso aí.
Dalbosco: Excelente. Doutor Valdir, obrigado novamente por nos receber na sua casa. Segunda casa, vamos se dizer. Ou a terceira. Tem o lar…
Valdir: Tem o lar, a clínica IOT e depois aqui a Escola Bolshoi. Mas está tudo interligado assim. Você fala do Bolshoi em casa, na clínica, então as coisas da minha família acaba se envolvendo. Somos uma grande família, como a família dos funcionários, dos esposos, dos filhos e a gente convive e todo mundo ajuda a fazer esta escola. Então, a Escola é uma coisa viva por quê? Porque as pessoas aqui são muito valorizadas.
Dalbosco: Se você quiser aprender a respeito de produtividade e gestão do tempo, o homem ideal está aqui ao meu lado. Porque para quem não sabe, está nos ouvindo no Brasil inteiro, o IOT (Instituto de Ortopedia e Traumatologia), o doutor Valdir é inclusive Diretor técnico, diretor administrativo. É uma clínica referência no Sul do Brasil. Na linguagem popular, doutor, em tratar de quebrados. Eu já passei por lá algumas vezes.
É sim uma referência. Parabéns pelo trabalho no IOT, parabéns pela excelência com o que tornou o Bolshoi nas últimas décadas e por ter uma equipe maravilhosa aqui. Ter uma família espetacular. Conheço a sua filha, conheço sua esposa, que também é minha médica, dermatologista. Pessoa do mais alto nível e que realmente a gente compartilha os mesmos valores.
O sucesso depende de valores e propósito aplicados
Todo trabalho que é feito com carinho e dedicação, merece reconhecimento. Na entrevista, é notável a doação de energia e tempo no envolvimento do médico Dr. Valdir Steglich com a causa da Escola do Teatro Bolshoi no Brasil, sem ser remunerado por isso. É doação de amor, de carinho e isso contagia a todos que estão ao seu redor. Ele começou dando suporte na área da ortopedia para os bailarinos da escola e, com seu trabalho e engajamento, foi escolhido pelo Conselho para ser presidente da unidade.
O serviço voluntário gera satisfação de quem executa um trabalho voluntário é algo diferenciado. É um tempo que você investe no próximo, na comunidade, através do seu trabalho espontâneo e voluntário.
No LinkedIn, tem um espaço para preencher sobre atividades voluntárias. Isso pode ser um diferencial no seu perfil…
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Além de poder contribuir com a carreira e marca pessoal de diversos conselheiros e executivos, também sou influencer do Bolshoi Brasil, o único local fora da Rússia em que há uma escola de excelência auxiliando no crescimento da marca e na formação dos alunos e profissionais que fazem parte dela.
Você também pode auxiliar e fazer parte do desenvolvimento de tantas crianças e jovens que o Bolshoi forma. Clique aqui para ser um Amigo do Bolshoi.
O voluntariado ao auxílio de carreira de diversos profissionais como esses também faz parte da minha marca pessoal. Se você apoia esse movimento, comente sobre ações que buscam construirmos uma sociedade mais justa por meio da construção e fortalecimento de marcas cativantes e inspiradoras.