

Desde que comecei a publicar meus conteúdos no LinkedIn, maior rede social profissional do mundo, e a auxiliar diversos profissionais a construir e fortalecer suas marcas pessoais, esse é um dos temas que me questionam com frequência.
“Dalbosco, sou apaixonado por futebol, posso falar sobre isso na rede?”;
“Dalbosco, se eu publicar conteúdos relacionados à política, o LinkedIn não vai me banir?”;
“Dalbosco, e se eu quiser falar sobre minha religião, as pessoas não vão me criticar?”.
Há duas maneiras de olhar para essas questões, ao meu ver: de forma Legal (de legalidade) e estratégica. A primeira está relacionada às regras e políticas do LinkedIn. Já a segunda, à sua marca pessoal. Explicarei cada uma delas e o porquê dar a devida atenção para não prejudicar o seu esforço diário.
O que o LinkedIn permite e proíbe dentro da rede
O LinkedIn foi criado com um objetivo forte de aproximar profissionais e como toda rede social, ele também possui um regulamento do que pode e o que não pode ser feito dentro da plataforma. “Ah Dalbosco, mas eu nunca tive acesso a isso. Nem mesmo sabia que existiam essas regras’. Teve acesso sim, você apenas não deu a devida atenção quando lhe foi apresentado no exato momento em que fez seu cadastro (rs). Até pode dar a desculpa de não viu essa parte pois fez o cadastro direto com a conta Google, mas não pode dizer que o Contrato do Usuário, a Política de Privacidade e a Política de Cookies não estavam acessíveis.
Mas não o julgo. Afinal, quem lê cada um desses documentos e suas letras miúdas toda vez que fazem o cadastro em alguma rede social, site, aplicativo, entre outros? Entretanto, por mais que não tenha lido, recomendo que faça isso para saber o que você pode ou não fazer, e não ser surpreendido no futuro.
Dentro do Contrato de Usuário, no item 8, encontra o que é permitido ou proibido no LinkedIn. Enquanto a lista de permissões conta com quatro tópicos, a lista de coisas que você concordou em não fazer quando clicou no botão de “Aceite e cadastre-se” sobe para 18. Nenhum dos itens refere-se a não poder falar sobre futebol, política ou religião na rede. Entretanto, quando criamos uma enquete em um post, há um lembrete de que essa forma de conteúdo não deve ser utilizada para solicitar opiniões políticas, informações médicas ou dados confidenciais.
Mercado, economia e política influenciam diretamente em empregos, salários, posicionamento…então, desvincular certos assuntos nem sempre é tão fácil assim. Tanto é que o LinkedIn não proíbe assunto X ou Y, apenas alerta nas “Diretrizes da Plataforma de Publicação” o desejo por conteúdos profissionais, como no parágrafo abaixo:
“…é um fórum ideal para desenvolver e fortalecer sua identidade profissional compartilhando seu conhecimento e sua especialidade na carreira. Esse conteúdo será vinculado ao seu perfil profissional”.
Portanto, se você não gostar de algo que esteja lendo, basta deixar de seguir ou até mesmo bloquear o perfil. Ninguém lhe força a acompanhar determinados conteúdos. Assim como a rede social tem o direito de lhe tirar da rede por não cumprir com as regras estabelecidas por ela, você também tem o direito de ler no seu feed aquilo que lhe interessa.
Antes de passar para a questão estratégica, deixo aqui um alerta que procuro dar aos meus mentorados quando iniciam seus processos de construção de marca pessoal: não é bom criar seu posicionamento apenas em terreno alugado. Assim como o proprietário de uma casa pode rescindir o contrato e pedir que você saia dela, a qualquer momento você pode ter sua conta eliminada caso viole algum dos pontos do regulamento, perdendo toda sua base.
Falar de tudo é interessante para minha marca pessoal?
Como mencionei no início do artigo, a segunda forma de analisar se você pode ou não falar sobre futebol, política e religião é pensando estrategicamente. Quando construo a marca pessoal de um profissional, uma das coisas que estudo e passo em minha mentoria é como determinados assuntos podem estar conectados aos conteúdos principais. Tudo vai depender do objetivo e de como esse profissional quer ser visto no mercado.
Uma dica de leitura para refletir sobre o tema e os três assuntos abordados aqui neste artigo é o livro “Quem disse que não tem discussão?” do autor Alberto Carlos Almeida, cientista político, sociólogo, escritor, professor universitário e por 10 anos foi colunista do Jornal Valor Econômico.
Livro Quem disse que não tem Discussão? do autor Alberto Carlos Almeida – Fonte: Amazon
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Vou trazer aqui dois exemplos de mentorados que têm um desses três temas conectados às suas marcas pessoais.
1. Padre Anderson Pitz
Já escrevi um artigo sobre o porquê resolvi mentorar e auxiliar na construção de marca pessoal de um Padre no LinkedIn, porém, reforçarei aqui para você entender um dos principais motivos.
Perfil do Padre Anderson Pitz no LinkedIn – Fonte: Artigo Dalbosco
Quem me acompanha diariamente aqui na rede, sabe o quanto encorajo as pessoas a darem atenção às suas próprias marcas pessoais e a enxergarem o LinkedIn como uma estratégia dessa construção. Assim como o Padre Anderson também encoraja as pessoas por meio de seus conselhos diários.
Como padre ingressei no LinledIn, e posso dizer o quanto aprendi lendo conteúdos muitos diversos de profissionais que cada dia aportam seus conhecimentos. Assim como tenho aprendido com áreas tão diversificadas, tenho procurado contribuir com vídeos e artigos sobre religião, espiritualidade, autoconhecimento, motivação. Vejo o quanto é importante e quanta abertura encontrou neste rede profissional. Acredito que falar de religião no LinkedIn de forma respeitosa, não impositiva, com profundidade, só tem a somar. Até mesmo porque o profissional religioso que encontra aprofundamentos através desta ferramenta, se tornará uma melhor pessoa, e por consequência, um melhor profissional sem dúvida.
Sim, ele fala sobre religião, mas mais que isso, traz energia, positividade, motivação para que as pessoas não desistam de seus objetivos pessoais e profissionais. Nem todos que o seguem na rede são da mesma paróquia ou religião, e o seguem porque querem, porque enxergam nele um perfil agregador e pode fazer com que reflitam sobre os fatos do dia a dia.
Clique aqui para ler o artigo completo.
2. Leonardo Roesler
Ele é advogado especialista em direito empresarial, possui escritórios no Brasil e nos Estados Unidos, é diretor executivo do Uni Bilingual School e diretor esportivo do Joinville Esporte Clube. O Leonardo é um exemplo de profissional que, em função de seus objetivos e construção de marca pessoal, pode abordar o tema futebol em seus conteúdos publicados no LinkedIn.
“Cada vez mais as redes sociais tem se tornado termômetro de cada assunto e suas repercussões, nos enfrentamentos ideológicos futebolísticos isso não seria diferente pois todo torcedor possui um sentimento intrínseco de certezas absolutas o qual deve ser respeitado pois ao final de tudo estamos falando de paixão, de amor de uma pessoa por um clube e como todo amor muitas vezes nos cegamos para as opiniões adversas, por isso é tão gostoso debater o futebol.” – Leonardo Roesler, advogado especialista em direito empresarial e diretor esportivo do Joinville Esporte Clube
Não é falar sobre táticas de jogo, mas de que maneira a sua experiência em gestão e liderança faz com que o time tenha sucesso, conquistas e vença desafios ao longo do caminho.
Copa Santa Catarina 2020 – Fonte: Acervo Pessoal Leonardo Roesler
Clique aqui para acessar e ler o post.
“Dalbosco, mas aí fica fácil, o trabalho deles está conectado diretamente a isso. E se o meu não estiver, quer dizer que não posso falar sobre isso?”. Como disse, tudo vai depender do objetivo e foco da sua marca pessoal. Portanto, quando tiver dúvidas sobre algum tema, faça os seguintes questionamentos a si mesmo:
- Essa informação infringe alguma das regras do LinkedIn?
- De que forma este conteúdo está alinhado com a marca pessoal que quero construir?
- Como essa publicação fortalecerá minha marca pessoal?
- Esse conteúdo atingirá realmente meu público-alvo?
- É um conteúdo que fortalece minha marca ou estou atrás apenas de likes?
Esse último tópico é bem importante. Cuidado com as métricas de vaidade. Não crie um conteúdo apenas para ganhar curtidas. Se o post ou o artigo não transmitir seu conhecimento, não gerar aprendizado para as pessoas, for egocêntrico ou não gerar valor algum, você estará nadando contra a sua imagem na rede.
A partir do momento que sabe o que quer, conhece seus valores, seu propósito e possui ao lado um mentor que lhe auxilie nesta jornada, você começa a criar o seu legado.
Saiba como ser referência no LinkedIn neste episódio do meu podcast:
Expor sua opinião no LinkedIn não é impor algo a quem lhe segue
Quando você passa a seguir o conteúdo de um profissional, provavelmente sabe quais os temas ele tende a compartilhar, porém isso não quer dizer que você tenha que concordar com o que está sendo dito. Expressar opiniões no LinkedIn não significa impor algo à quem lhe segue. Claro que o modo como você transmite isso importa, mas não é porque fez uma publicação com o seu modo de ver determinado cenário que vai obrigar sua rede a olhar da mesma forma.
Todos temos o direito de termos nossas escolhas e sermos respeitados por isso – Fonte: Brainly
Tema polêmico ou não, ao publicar um conteúdo, dá a liberdade para que as pessoas concordem ou não, e você tem que estar preparado para isso.
Respeito nos debates é sempre preciso, mas para estimular é necessário tratar o outro da mesma forma. Por mais que alguém não concorde com o seu ponto de vista, respeite a opinião do outro. Saiba como lidar com haters neste vídeo abaixo da conversa com minha mentorada Andryely Pedroso, nutricionista e LinkedIn Top Voices 2020.
Se não tem como argumentar para mostrar o seu, agradeça a participação e retire-se. Utilizar grosserias só demonstra o quanto um profissional não está preparado para lidar com o diferente.
Mesmo que você tenha argumentos, nem tudo é preciso debater. Saber analisar quais são importantes para o seu crescimento, para sua marca pessoal e para o seu posicionamento, é importante. Veja o vídeo abaixo no qual o Leandro Karnal comenta sobre o debate sobre futebol, política e religião:
Você sabe conviver com o diferente?
Olhe para sua família, para os seus amigos, para as pessoas que são próximas a você. Analise o quanto elas possuem em comum com você. Agora, pensa naquilo que é diferente, o modo de pensar, de agir, de ser…mesmo elas sendo assim, você sabe conviver, certo?
O vídeo abaixo com a fala do Mario Sergio Cortella nos faz refletir sobre como temos o poder de conviver com o diferente nos momentos mais simples de nossas vidas e que se realmente quisermos, podemos também lidar com as diferentes opiniões presentes no LinkedIn.
Saber lidar com aquilo que é diferente do modo como pensa não vale apenas para o lado pessoal, mas no profissional também. Alguém que seja da sua área e que pense de outra forma pode agregar a sua jornada e lhe ensinar mais do que imagina. Dois Papas, filme baseado em história real lançado pela Netflix em 2019, mostra bem essa questão.
Papa Bento XVI e Papa João Paulo II em uma das cenas mais marcantes do filme – Fonte: Smuc
O papa João Paulo II e o papa Bento XVI tinham muitas diferenças, inclusive o time para o qual torciam, mas nem por isso deixaram de conviver, criar uma amizade e aprender um com o outro.
Se estiver disposto, saberá aproveitar cada debate, cada assunto e cada opinião que encontrar no LinkedIn. Quando construímos uma marca pessoal de forma estratégica, fica mais fácil saber de que maneira futebol, política e religião podem ser abordados, como e se trarão benefícios aos seu fortalecimento e posicionamento ou não.
Qual sua visão sobre o tema?