

Integro dois Conselhos, um de Administração e outro Consultivo. Algo que aproveitei na minha jornada e construção de marca profissional foi me desenvolver e crescer dentro daqueles ambientes, mesmo porque vejo o conselheiro como um propagador e defensor das boas práticas de governança. Além dos debates externos, envolvendo ou não os Conselhos, como o caso a Anitta, diversos temas são debatidos dentro desse ambiente (está mais até para um sistema) e, se souber aproveitar, terá em mãos um grande pote de ouro de conhecimento.
Principais temas dos comitês – Fonte: IBGC
Mas a questão que incomodou tanto gente com a decisão do Nubank ao escolher Anitta como Conselheira nos faz refletir: ela domina um ou mais itens acima para que possa de fato agregar no direcionamento estratégico da organização? E realmente precisa?
O que na Anitta incomoda tanta gente, principalmente uma “elite”? Considero que ela preenche os cinco requisitos para aumentar a taxa de irritação de muitos:
Cinco itens que geraram debate em relação à Anitta como Conselheira – Fonte: Dalbosco
…e se eu colocar ainda que é “Jovem”, completamos com um sexto grau. Pois é, nós, como sociedade, temos muito o que refletir, evoluir…e realmente aplicar os famosos discursos dentro das salas de decisões corporativas.
Neste artigo, minha intenção não é concordar nem discordar. Acho, no mínimo, interessante a decisão de escolha dela como Conselheira de Administração e não repugnante. Há muito o que se analisar para, de fato, concluir. A realidade é que não temos todas as informações, mas apenas algumas peças de um quebra-cabeças que nem imagem final tem ainda e muito menos se as peças realmente se encaixam. E o porquê não temos todas as informações? Pois afinal, se é um Conselho, o mínimo que se espera é que algumas decisões fiquem só lá, salvaguardadas pelos “guardiões” da estratégia, ou seja, conselheiros e conselheiras.
Portanto, não há juiz nesse artigo, nem dono da verdade, mesmo porque ela nem existe, visto que não há resultados ainda. Parto daqui para frente na escrita com o máximo respeito às opiniões dos meus leitores, seguidores, Nubank e Anitta, sendo que os itens que listo a seguir fazem parte da minha visão (atualizada à data deste artigo), e não necessariamente poderão ser as mesmas em um futuro breve.
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Todos podemos aprender com o que possa surgir de conhecimento desse caso. Você pode ter suas verdades e estará tudo certo entre nós. Esse é o acordo que o convido antes da leitura abaixo, afinal é a diversidade de visões que podem transformar Conselhos em células mais robustas com modelos a serem replicados dentro e fora das instituições privadas, seja pela capacidade técnica, competência estratégica ou pela habilidade em ouvir e aprender com o novo.
Anitta integrou em 2014 a primeira lista Forbes Under 30:
Lista Forbes Under 30 de 2014 – Fonte: Forbes
A apresentadora dispensa grandes apresentações, por isso resumo aqui alguns dados:
- Instagram: +50 milhões de seguidores
- Youtube: + 15 milhões de seguidores
- Twitter: +15 milhões de seguidores
…e há uma década que ela figura nos “hot topics” de diversas redes sociais. Então qual a desconfiança de gestores? É que ela destaca-se na categoria de entretenimento…e não de gestão (apesar de gerir sua marca):
Marcas mais comentadas no Facebook – Fonte: Meio & Mensagem
“Dalbosco, mas Anitta pode ser Conselheira?”
– Pode!
“Mas mesmo falando como nesse vídeo?”
– Pode! A consequência direta não é para mim, e provavelmente nem para você. À instituição que cabe a decisão.
Escolha do Nubank ou “livre e espontânea pressão”?
Vamos combinar que, talvez, um pouco dos dois. Primeiro pelo fato de ser estratégico para a companhia e, segundo, pelo fato de que se ela se tornar acionista, é normal requisitar uma cadeira à seleta mesa.
Não é só uma decisão de marketing
Se fosse apenas decisão de marketing , convidá-la para embaixadora de marca resolveria o caso. Então, não é por aí…ou melhor, não é apenas por aí. O negócio que está em jogo é (mais, bem mais) financeiro, afinal tem que fazer jus à uma instituição do ramo bancário. Anitta representará também, de fato, a intenção de investidores de fazerem parte da decisão. Sim, querem um lugar à mesa…e nada mais justo.
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Uma boa prática?
Pode-se opinar se é uma boa ou má decisão pelo Nubank mas não ainda se é uma boa prática (no sentido de resultado). Muitos opinando sobre esse tipo de adoção na composição de Conselhos mas sem ter amostras significativas em nível nacional que possam deixar claro que será uma tendência sustentável.
“Dalbosco, se estamos discutindo sobre o assunto, já valeu a pena”. Será mesmo?
Não é bem assim. Uma “coisa” é retorno orgânico (gratuito) de marca, imediato e em função do zunzunzum da decisão. Outra “coisa” é retorno em eficácia como conselheira, o que só pode ser medido no médio-longo prazo. Nubank não precisa apenas desse tipo de ação para pagar contas e crescer. Se o foco na escolha fosse apenas pela exposição, qualquer semi “nu” para esse “bank” talvez traria mais discussão para o público-alvo dela. Ou seja, o objetivo da escolha é mais sólido e mais complexo.
Conselheiro é para dar voz aos que estão à margem da sociedade, como muitos pregaram nas redes sociais?
Teoricamente, não é esse o objetivo de um Conselho. Para isso, existe embaixador(a) de marca, cultura corporativa, marketing, RH, etc. Entretanto, vemos uma tendência dessa comunicação chegar a conselhos. E faz sentido? Digo que depende. Depende do tipo de empresa, mercado, momento, público-alvo e bandeira que se levanta pelo executivo, com potencial efeito no Conselho.
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Anitta não é uma Conselheira
Anitta, a meu ver, não representa uma Conselheira, no sentido de unidade, mas sim uma estrutura. Isso mesmo, o que chamo de “Complexo Anitta”, e a função de conselheira está dentro disso. Certamente, a estratégia do Nubank conseguiu enxergar isso e tem como ganhar não apenas com a Anitta (pessoa), mas sim com a plataforma de negócios e sistema que se formou ao entorno dela nos últimos anos.
É como você escolher um(a) conselheiro(a) e vir um combo de benefícios financeiros, de marca, de repúdio e também de uma massa de aceitação. Quem viver que aguente a dose pois essa é forte.
É uma ação, reação, relação ou solução buscada pelo Nubank?
Será que essa decisão terá continuidade? Independente do que se revele com o tempo, só temos a ganhar, nem que seja com o aprendizado e aceitação. Já Anitta tem o jogo ganho há muito tempo em função do patrimônio estimado de US $100 milhões. Quando se chega a essa nível financeiro, o motivador de assumir novas responsabilidades passa a ser outro: ego e/ou impacto social. O que impulsiona ela? Não sei e nem me arrisco a perguntar pois, nesse show de entretenimento, não sei o que é verdade ou mentira.
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Não à “taxação”
Querer dizer que a decisão foi atual e tentar julgar colegas que não concordam como ultrapassados é o que não se espera de um ambiente de Conselho: concluir sem nem sequer escutar, analisar, entender diversas perspectivas, interesses e tendências, fazendo da sua a única verdade. O ódio veio à superfície em diferentes níveis de “baixaria” de discussão entre conselheiros, executivos e executores nas redes sociais. Uma “guerra” de vaidades que presenciei em diversas postagens.
“Taxar” é reduzir ao diálogo e com isso deixar de aprender por meio da fala, escuta ativa e…do silêncio. Por vezes, é preciso ver que o que diz Maurice Switzer não faz sentido: “É melhor calar-se e deixar que as pessoas pensem que você é um idiota do que falar e acabar com a dúvida”.
No caminho da internacionalização
Veja declaração do Guilherme Lago (CFO no Nubank):
“…em janeiro de 2021 passamos por uma nova rodada de investimentos atraindo mais de US$ 400 milhões para apoiar principalmente o crescimento internacional em México e Colômbia.”
Anitta, já muito bem aceita no México, cai como uma luva à estratégia. Prova dessa movimentação foi a publicação do post em seu LinkedIn em português-br e espanhol quando anunciou a entrada no Conselho:
Post Anitta no LinkedIn – Fonte: Perfil Anitta
Ela também aumentou o número de postagens em inglês e espanhol no Instagram. Por curiosidade, caso você queira ver um “powerbi” dos maiores bancos no Brasil em termos de lucros líquidos de 1994-2020, assista ao vídeo abaixo:
Quando Nubank, entre outros chegaram, era necessária uma revolução digital nesse mercado. Quando vemos uma imagem de 1943, a pergunta fica: o que disso mudou nos bancos tradicionais em que muitos ainda exigem que vamos presencialmente (na agência em que abrimos a conta) para conseguir realizar algumas funções?
Agência do Bradesco em Marília (SP) em 1943 – Fonte: Veja
Anitta faz parte desse novo cenário. Ela não é a transformação digital mas representa a geração que nasceu online e não foi um imigrante para dentro do sistema “www”. Quando pegamos dados, mesmo que de mercados mais maduros como nos EUA, fica claro que as tomadas de decisões pela facilidade do digital estão distribuídas já pelas gerações. Nesse país, os bancos digitais representam 5,1% dos clientes do setor bancário, mas podem atrair 43% dos consumidores dos bancos tradicionais.
Conforme o gráfico abaixo, apenas na faixa de jovens e adultos entre 18 e 34 anos, há um potencial de participação na ordem de 53%. Nada mal, hein?!
Potenciais clientes dos bancos – Fonte: Cosinergia
Podemos dizer que o cansaço bateu nos consumidores em função do modo de tratamento por muitos bancos tradicionais nas últimas décadas. Um levantamento inédito feito pela Consumidor Moderno analisou uma espécie de “ranking” de reclamações entre as fintechs bancárias. Os dados coletados consideraram o período dos quatro trimestres dos anos 2019 e 2020.
O banco digital C6, por exemplo, alcançou seu maior índice no último trimestre de 2020: índice de 1.779,56 formado por um total de 7.807 queixas de um volume de clientes de 4,3 milhões de pessoas.
Gráfico de queixas das fintechs – Fonte: Consumidor Moderno
Já o Nubank atingiu os seguintes números em ano de início da pandemia (2020):
- prejuízo líquido 26% menor em 2020, comparado a 2019, totalizando R$230 milhões;
- 33 milhões de clientes (eram 20 milhões em 2019);;
- receitas de intermediação financeira aumentaram 79% (total de R$5 bilhões);
- fecharam o ano com R$29 bilhões em depósitos (2,6 vezes maior comparado à 2019);
- 36 mil pessoas por dia tornaram-se, em média, clientes do Nubank em 2020;
- Um quinto de todas as chaves Pix cadastradas no Brasil vieram por meio do Nubank (28 milhões de chaves).
…e chegaram a 100% dos municípios brasileiros, possuindo clientes em 5.570 municípios.
Municípios Nubank – Fonte: Nubank
Em 2020, o Nubank anunciou ainda três aquisições:
- Easynvest;
- Cognitect (norte-americana); e
- Plataformatec.
Veja aqui o balanço financeiro do Nubank clicando aqui
Ao analisar a população mais jovem (18-24 anos), o Nubank já em 2019 cresceu de forma bem agressiva. Se compararmos com Banco do Brasil, Caixa, Bradesco e Itaú, esses bancos tradicionais perderam quase 50% do share no mesmo período. Já o Banco Inter “abocanhou” 14%.
As grandes questões que levanto são:
- Quando ficarem com idade mais avançada, essa geração migrará de banco?
- Será que os bancos tradicionais, mesmo com a adequação digital que terão que passar, conseguirão atrair o jovem?
- O quanto esses jovens estarão dispostos a aceitar a adaptação dos bancos tradicionais já que parecem ser mais lentos?
- Até quando Nubank entre outros da categoria que tenta ser “high tech” e “high touch”, levantado tecnologia e empatia ao cliente, conseguirão suportar crescimento sem a cobrança de taxas?
Evolução do share de resgate por instituição bancária – Fonte: Startupi
Anitta pode ser Conselheira?
A escolha gerou várias reflexões não só entre conselheiros, mas também entre executivos e executores. Muitos dizendo que “não pode”. Claro que pode. A questão é: foi adequada a escolha? Só o tempo dirá…se esse conselho realmente tiver métricas bem definidas para se auto avaliar. Afinal, empresa em pleno crescimento em função dos investimentos, por vezes a curto prazo muitos desses indicadores ficarão difíceis de relacionar com a ação de alguns conselheiros ou não.
Além de causar impacto pela não formação técnica como conselheira, Anitta sai bem da média em termos de idade, segundo pesquisa do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC):
Mais de 50% dos conselheiros possuem idade entre 50 e 69 anos – Fonte: IBGC
Falei mais sobre esse tema no meu artigo sobre como entrei para um Conselho aos 27 anos
O fator “motivador” à população mais jovem
Ao estar como conselheira, Anitta mostra (e representa) para uma geração mais nova que é possível subir na carreira (em termos financeiros, poder e visibilidade) sem grandes formações técnicas. Imagina como isso entra na cabeça de um jovem o qual cada vez mais não vê sentido nas graduações universitárias típicas que existiram até agora no mercado? A decisão do Nubank cai como uma luva para um dos públicos-alvo mais adeptos ao “roxo digital”.
E quando o(a) conselheiro(a) é influencer?
Além de dinheiro e visibilidade, o poder é outro eixo de atração que motiva com que influencers sejam convidados para integrar Conselhos. A partir do momento que uma marca pessoal começa a ser projetada para criação de autoridade moral, seja de um C-level ou conselheiro, há inúmeros ganhos.
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Por exemplo, nos últimos anos, meus mentorados, profissionais das mais diversas áreas em quatro continentes, em função da construção, fortalecimento e aplicação de estratégias que orientei, tiveram grande ganhos e conquistas. Cada um deles gerou diversos tipos de oportunidades não só para as organizações que fazem parte mas também para a sua marca pessoal própria por meio da projeção digital. Os resultados típicos que mais ocorrem após a projeção por meio do meu método de criação de perfis autênticos a eles e elas nas redes sociais, foram esses:
1) Aumento de abordagens de potenciais investidores;
2) Crescimento do nº de clientes de médio e grande porte que entraram via canal CEO e não apenas pelo setor comercial;
3) Aumento do reconhecimento da marca empresarial no mercado;
4) Evolução do nº de parceiros comerciais estratégicos querendo fazer negócios com a empresa;
5) Convites frequentes para palestras sobre gestão, liderança e mercado (específico de cada CEO mentorado);
6) Maior abordagem por fornecedores qualificados;
7) Grandes players do segmento com objetivo de fusão ou aquisição;
8) Aumento exponencial de convites para lives com nano, micro e macro influencers no Brasil e exterior;
9) Demanda por mentorias particulares (aos CEOs que fizeram meu Programa de Mentoring de Mentores, lançando-os como mentores no mercado após elaboração do Plano de Mentoria);
10) Crescimento de convites para participação em programas ou entrevistas em televisão e rádio em nível local, regional e nacional nas grandes mídias (ex: CNN, Uol, Jovem Pan, Band, G1…);
11) Aumento da autoridade e respeito entre executivos, conselheiros e acionistas da empresa;
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12) Número de seguidores nas redes sociais com crescimento acelerado aumentando o engajamento nos conteúdos e ajudando a distribuir mais a marca empresarial e pessoal;
13) Aumento de artigos na web a respeito da trajetória deles por meio de plataformas digitais;
14) CEOs presentes em capas de revistas;
15) Maior respeito pela classe empresarial;
16) Aumento da transparência, gerando mais confiança aos stakeholders do segmento. Atualmente, uma das atitudes mais valorizadas no Vale do Silício;
17) Efeito motivador nos colaboradores, fornecedores e parceiros comerciais em função do líder com perfil inspirador por meio online.
Agora vai do alinhamento entre o(a) executivo(a) ou o(a) conselheiro(a) e a empresa em como usar isso a favor da estratégia corporativa. Há como todos ganharem nesse processo, mas existe uma forma para se fazer isso.
No caso da Anitta, traz a possibilidade da governança (ou ajustes nela) ganharem a mídia, aumentando o conhecimento do volume de usuários digitais das redes sociais quanto ao tema.
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É um investimento, independente das opiniões externas
Ou se vê um Conselho como um investimento ou como uma despesa pelas corporações. No caso do Nubank, ainda mais como uma instituição financeira, você acredita mesmo que tomaria uma decisão para ser um entrave ao crescimento ou “sem lógica” como muitos se referiram na web? Quem está dentro sabe onde o calo aperta e alivia.
Conselheira de Administração? Mesmo?
Vejo a Anitta a atuar mais de forma opinativa, ao tipo conselheiro consultivo, do que de fato conselheiro de administração. Apesar do posto já conquistado por ela, me refiro aqui ao tempo de dedicação e responsabilidades constantes de um conselheiro de administração de fato. Posto é uma coisa, “modus operandi” dentro de um Conselho é bem diferente. Se quiser ser uma conselheira de administração de fato sem ser apenas uma acionista que ganhou a cadeira pelo investimento, terá que ter uma dedicação na função que não sei se terá. Tipicamente, exige tempo, energia, articulação e acompanhamento constante dos cenários, indicadores e estratégias.
Agora se o Nubank não der bola para isso, está tudo certo. Eles que têm que pagar a conta (a ser transmitida aos clientes), não eu 🙂 .
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Requisito da plena expansão
Sem dúvidas, um dos requisitos de uma empresa financeira em plena expansão é o acompanhamento frequente. É o mínimo que se espera de um conselheiro. Se ela conseguirá conciliar, tende a nunca sabermos. Por vezes, poderá ser mais show biz do que análise de KPIs que veremos. Tomara que não.
Quem disse que a decisão tem que ser justa?
Afinal, quem disse que teria que ser? Pois é, infelizmente, em um Conselho muitas vezes também não é.
Nem sempre o melhor para a empresa, é o melhor para alguns conselheiros, nem mesmo para os clientes. Eu disse “nem sempre”.
Isso faz muitos “profissionais” inverterem seus papéis dentro do Board de forma a beneficiar interesses particulares. Ter a ciência e consciência disto pode ajudar ao eleger novos conselheiros assim como entender o porquê de algumas escolhas.
Anitta não tem formação como Conselheira, mas…
Temos formações tradicionais que surgiram no Brasil nas últimas duas décadas principalmente em Conselhos de Administração e Conselhos Fiscais (mais recentemente encontramos a formação como Conselheiro Consultivo idealizado pelo Wanderlei Passarela e o Tiago Martins em ótima iniciativa no mercado formando a CELINTBRA). Quando converso com diversos conselheiros formados há anos e pergunto o que acharam das formações, a opinião é unânime do que escutei até hoje: “O networking é muito bom”. Mas isso me levou por muito tempo há uma reflexão: “Ok, mas e o conteúdo?”.
Se é o networking o grande ou um dos maiores aprendizados que se pode tirar de algumas formações, então qual a rede de relacionamento que ela poderá trazer ao Nubank? Nessa perspectiva, com ou sem formação técnica, a instituição estará bem servida.
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Diversidade de gênero ou diversidade de conhecimento?
Alinho com meu amigo Dr. Marcos Leandro Pereira, o qual preside e forma diversos Conselhos de Administração pelo Brasil: sou a favor da diversidade de conhecimento em um Conselho, independente se seja mulher, homem, azul, amarelo, avatar… Ou seja, se Anitta trouxer isso, todos saem ganhando: clientes, conselheiros, acionistas, e até os concorrentes sobreviventes em função do aumento da competitividade e subida da régua de mercado.
Entramos na Era dos Conselhos como Representatividade?
Podemos dizer que sim. Há um movimento amplo nesse caminho. A questão é: em quais instituições tais atitudes são realmente positivas e sustentáveis e não apenas uma organização querendo se aproveitar da nova onda e que logo acabará esse novo modus operandi de formação de Conselho?
O Conselho como um vetor
Muito se discute se Anitta terá a competência para analisar e debater temas relevantes de governança discutidos em um Conselho. Minha opinião: a escolha dela como Conselheira não tem peso para que ela ajude na decisão de algo, mas sim foi um vetor, um caminho, para uma estratégia bem estruturada de marketing, dela e da instituição.
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Ser bom(boa) empresário(a) não é sinônimo de bom(boa) Conselheiro(a)
Vi enquetes em que muitos apoiam a decisão da Anitta ser conselheira pelo fato dela ter êxito como empresária. Cuidado: isso não é pré-requisito nem garantia de sucesso pois ser Executivo e ser Conselheiro são duas ações distintas, apesar de um erro típico nas empresas é observarmos assuntos operacionais sendo levados constantemente para serem resolvidos dentro de conselhos, poluindo as agendas e misturando as funções.
Além disso, Anitta é uma mega empresária ou teve uma mega agenciamento por trás para proporcionar que o foco dela estivesse no show biz e não na gestão de fato? “Ah Dalbosco, mas ela mesmo faz a gestão dos negócios. Li isso numa matéria”. Ok, eu conto ou alguém conta para essa pessoa?
Ela pode passar a imagem de que controla tudo mas, em um nível artístico e empresarial que ela se encontra, é impossível sem uma estrutura robusta e profissionais competentes junto a ela. É melhor parar de acreditar apenas no que se lê e se concentrar também no que de fato ocorre na vida “canibal” empresarial.
Se você quiser checar se tem potencial para ser um conselheiro, recomendo o quiz desenvolvido pela Celint. Clique aqui para ter acesso.
Se quiser também minha opinião sobre algumas formações como conselheiro, fale comigo por inbox do LinkedIn ou Instagram.
Grande vantagem aos Conselheiros (que muitos ainda não perceberam)
O fato é que o assunto tende a aumentar a percepção de uma massa de pessoas a respeito do que é um Conselho, como pode ser formado, o que faz, como se reúne, sobre o que planeja, opina e age. Isso, na minha visão, tende a ajudar no médio prazo com que uma série de empresas de médio porte, atual foco por muitos conselheiros consultivos, implementem Conselhos em suas organizações privadas.
Só a busca pelo termo “Conselho de Administração” que fiz, já mostra sinais de maior procura por meio do Google Trends na semana do dia 21 de junho de 2021, quando foi anunciada a entrada de Anitta para o Conselho. Ou seja, decisões assim tendem a aumentar a percepção das pessoas sobre o assunto e começarem a buscar conhecimento sobre o tema:
Já o interesse por “anitta” também foi significativo, como vemos o pico do gráfico sinalizado abaixo. Sim, podemos dizer daqui um tempo que ajudou no processo de tornar assuntos que envolvam Conselhos de Administração e Governança Corporativa mais populares no Brasil:
Eu quero mais é que ela e outros famosos entrem em Conselhos e popularizem o conhecimento sobre o assunto, o qual por mais de duas décadas ficou restrito no Brasil a algumas elites e “guardiões” do Conselho. Veremos muitos desses famosos errando e acertando em Conselhos, o que será extremamente saudável aos espectadores como você e eu. E sabe o porquê? Pois quando se tem algo inacessível à grande parte do empresariado no país, principalmente no caso de MEs (Médias Empresas), o aprendizado fica limitado. Aprenderemos com erros e acertos deles e acredito que a quantidade é que fará a qualidade vir à tona.
Para que as estrelas possam absorver muito bem cada ensinamento compartilhado no Conselho e possam se desenvolver de maneira positiva, listo eixos fundamentais de aprendizado:
– Aspectos legais de até onde se pode ir;
– Aspectos morais de até onde se pode ir;
– Aspectos culturais de até onde se pode ir.
O que posso recomendar para atuação como conselheiro é: esteja disposto a ouvir, tecnicamente capaz de analisar e seja sensato quando falar. Quanto a este último item, listo um problema típico em muitos Conselhos: conselheiros que falam por falar, ou para ganharem visibilidade achando que aquilo é colaborar, ou sem base do que estão falando comprometendo tempo e paciência dos demais. Chegam às reuniões completamente despreparados, rasos e…folgados.
Anitta não pegou a minha vaga
Se ela não pegou a minha vaga em um Conselho nem ocupou a sua, qual a preocupação? Acredito que o case a ser formado (de sucesso ou não) tem mais a nos ensinar do que nos dar azia pela não aceitação. Daqui uns anos, caso dados sejam abertos (o que acho difícil) ou pelo menos conversas de corredores da Alta Gestão vazarem, teremos uma “pós-graduação” em alguns aspectos de governança para discutirmos em muitos cursos por aí.
Precisamos da migração dos “Laboratórios de ideias” para “Laboratórios de fazer”
Muito se fala em inovação, transformação digital (com muitos autodenominados “especialistas” na web), mas quem de fato fez? Quem realmente aplicou e consegue já analisar trazendo resultados positivos? Raros os casos.
Há muito modismo e teoria por trás dos “Laboratórios de ideias” instituídos em diversas empresas, mas vejo que chegou o momento dos “Laboratórios de fazer”, ou seja, daqueles que realmente tiram do papel.
Nubank faz, Anitta faz…e ambos entregam. e essa “fuga” do padrão é que, talvez, incomode tanta gente. Em conjunto é que emerge a dúvida se entregarão.
Como saberemos o resultado REAL da escolha pela Anitta?
Se com Anitta, tudo é showbiz, e quase tudo se mascara para que a imagem seja construída e induzida ao que vende, você acredita mesmo que o desempenho dela no Conselho virá à superfície com o tempo?
Vamos ver quem será o “fofoqueiro” de corredor para contar sobre isso (rs). O que posso dizer é que ela estará em um cenário propício para voar ainda mais, como águia, mas sem saber se será migratória para uma área de gestão e Conselhos ativamente em uma potencial aposentadoria dos palcos no médio prazo.
A Forbes, em parceria com a Statista, publicou a lista dos Melhores Bancos do Mundo. O Nubank ocupa o primeiro lugar entre as instituições no Brasil, pelo terceiro ano consecutivo, após sua estreia em 2019:
Lista dos 10 melhores bancos do mundo – Fonte: AAA Inovação
Um total de 43.000 clientes de 28 países foram entrevistados em cinco eixos de avaliação:
- Confiança
- Termos e condições contratados
- Atendimento ao consumidor
- Serviços digitais
- Assessoria em aspectos financeiros
Anitta, para uma classe de público-alvo do Nubank (jovens), transmite confiança e tende a estar bem alinhada e fortalecer a imagem da empresa nas próximas pesquisas. Até agora, o resultado mundial acusou o seguinte ranking dos Top 10:
Lista dos 10 melhores bancos do mundo – Fonte: AAA Inovação
Agradeço meu amigo Lucas Lima, CEO da AAA, empresa geradora do gráfico acima.
Alinhamento digital
Já convivi com conselheiros com zero visão digital. Mesmo assim, possuem seu valor? Sem dúvidas! Anitta traz o contrário, o novo, apesar de não significar que é o melhor para qualquer perfil de companhia. Entretanto, ela representa a transição dos millennials para a geração Z. Nasceu mais digital e suas atitudes e decisões, assim como da grande massa de seus seguidores, têm geralmente relação com isso,
Nubank nasceu digital. A compatibilidade entre a marca empresarial da instituição financeira e a marca pessoal de Anitta começam a se conectar desde a essência das gerações que fazem parte.
Perfis da Gerações – Fonte: NA
Cringe ou qualquer outro termo que tem servido para “rotular” uma geração pode nos fazer a ter um (pre)conceito e criar bloqueios aos aprendizado com outros profissionais com visões e anseios distintos. Quando a “batalha” das gerações vira um processo colaborativo/construtivo, todos têm a ganhar, inclusive no sentido de humanidade e evolução social.
Um dica, caso você esteja encontrando essa “guerra” em casa ou na empresa, é o jogo Batalha das Gerações:
Jogo de diversão que provoca interação entre diferentes gerações – Fonte: Amazon
No fim das contas, a decisão do Nubank nos surpreende, impacta, alegra uma imensidão pela abertura à diversidade dentro de um Conselho mas por outro lado corre o risco de acentuar ainda mais a disputa entre o tradicional e o novo, aos donos da verdade e aos novos aprendizes.
Entender o “não-tradicional”
Decisões “não-tradicionais” podem ser racionais, principalmente quando se gera valor aos stakeholders e, consequentemente, à marca.
Agora pode alguém entender e não querer aceitar? Certamente…e está tudo certo. A construção do debate é a melhor consultoria que por vezes você tem, de forma gratuita, durante o seu ano.
Os Conselhos “Hollywoodianos”
Muitos conselheiros incomodados com a decisão mas esquecem que muitos dos Conselhos que já vemos no Brasil são um verdadeiro jogo de egos. Muitos profissionais assumindo 10-15 Conselhos em uma ganância desenfreada e sem conseguir fazer as devidas entregas e criticando a decisão do Nubank. A esses, considero-os uma piada pois já viviam no estrelato em que eram apresentados mais pelo cargo na empresa que exerceram no passado do que pelo feito que realizaram em outros Conselhos. Ou seja, são marcas pessoais que dependem da instituição que trabalharam para ter um (sobre)nome forte (ex: Fulano da empresa X, beltrano da empresa Y).
Aqui vejo a grande falha de muitos executivos que foram para a carreira de conselheiro. Fica claro quem é quem em uma mesa e seus objetivos depois de um tempo de convivência e, por mais que doa dizer isso, irão encontrar conselheiros que o próprio ego “não cabe dentro deles”. Gosto muito da frase do Marcos Leandro Pereira abaixo:
Muitos estão ali por interesses único e exclusivo de ganho pessoal e financeiro. Aí fica claro a falta de sintonia com a cultura corporativa, algo muito típico de se encontrar em Conselhos hoje em dia.
Fico tranquilo com a decisão do Nubank pois, quando olho para os outro conselheiros escolhidos, vejo que o show de entretenimento chegou ao Conselho, mas não que o Conselho deixará aquilo virar esse “espetáculo”.
Internacionalmente, já não é tão novidade assim ter estrelas em conselhos, como representa muito bem a matéria de Dale Buss (colaborador de longa data da Forbes, The Wall Street Journal e outras publicações de negócios (assim como Membro do Conselho Corporativo).
Matéria do Site Corporate Board Member – Fonte: Corporate Board Member
O aprendizado com o estrelato da Anitta
Como é presidir um Conselho que tem uma estrela? A dificuldade não está na fama dela, mas sim em dois pontos que destaco abaixo:
- Caso a estrela quiser brilhar mais que o “todo”, não formando uma constelação;
- Qualquer erro ou inconsistência que ocorra no Conselho, tende a virar uma imensidão de conteúdos virais e polêmicos na web.
Deve já ter um monte de serpente midiática querendo a desgraça dessa relação para ter conteúdo a projetar.
Portanto, vejo que o aprendizado pelo próprio Conselho do Nubank poderá trazer ao mercado, caso futuramente compartilhada as informações possíveis e sem mascaramentos, um grande aprendizado de como reduzir os riscos em casos futuros como esses, aumentando a chance de êxito do(a) pop-star.
Com o advento digital, no qual não há limites de fronteiras físicas, cada vez mais teremos não só conselheiros mas também CEOs se projetando via digital, muitos deles com elevado potencial para serem conselheiros. Nessa construção e fortalecimento de marca pessoal, tenho ajudado muitos deles na projeção no Brasil e exterior por meio das minhas mentorias que realizo há anos.
Quer saber como posso lhe auxiliar nesse processo? Fale comigo clicando aqui
No vídeo abaixo, resumo em entrevista com a minha mentorada eleita LinkedIn Top Voice, Andryely Pedroso, o porquê buscar criar autoridade moral à sua marca pessoal:
Escrevi sobre isso em matéria recente à revista The Winners que tem como foco C-levels nacionais e internacionais:
Matéria escrita por mim e publicada na Revista The Winners – Fonte: Revista The Winners
Clique aqui para ler a matéria completa
Quem anda com leão, não come capim
Quando morei e trabalhei em Angola (África) por três anos no período pós guerra-civil, em uma das apresentações em que acompanhei um comitê do governo no interior do país, aprendi uma frase em dialeto quimbundo com um dos secretários nacionais. Era algo assim: “Dalbosco, si wanda ni rochi, cudié iango”. E escreveu em um guardanapo para que eu não esquecesse. Ou seja, o que ele quis me dizer era: “Dalbosco, quem anda com leão, não come capim”. E Anitta sabe colocar isso muito bem em prática.
Nessa entrevista, ela conversa com o CEO e publisher da Forbes Brasil, Antonio Camarotti, a respeito de: carreira, empreendedorismo e marketing.
O todo é mais importante que a Anitta
É preciso ter essa visão. Não se trata apenas do famoso “espírito de equipe” mas Conselho com brilho único, seja o seu ou do Presidente do Conselho de Administração (PCA), não forma uma constelação. Conselhos precisam estar cada vez mais afastados das estrelas que querem brilhar sozinhas (e provável que ela não chega com moral de Conselheira, mesmo porque não tem bagagem). Considero que um Conselho está “contaminado” quando sua atuação é comprometida pelos interesses de uma única “estrela” ou grupo específico (famosa “patota”). Portanto, se ela souber “dançar” conforme a música da governança, vai se sair super bem e ainda com uma experiência enorme para usar como cartão de visita e abocanhar diversos outros Conselhos em frente. Acredito que não para por aqui. Se o mosquitinho do “estar conselheira” picar ela e se motivar, vai deixar muita gente com azia nos próximos anos.
E a imagem do Nubank?
Já percebeu que ocorreu uma massa de ataques à Anitta mas quase nada ao Nubank? E sabe o porquê?
A instituição vem desenhando sua marca nos últimos anos com forte investimento e transformando seguidores de um estilo de vida em clientes. Depois de clientes e fãs. E depois de fãs a defensores da marca.
Já durante a pandemia, alguns movimentos foram acelerados, como a alta em compras online como traz Mateus Mognon em matéria ao site Tecmundo:
O pico de 45% foi alcançado em abril de 2020 referente a pagamentos em aquisições online, o que significa uma elevação de 13% das compras realizadas com o cartão do banco digital comparado ao mesmo período de 2019. Conforme projeções da empresa, esses números só seriam alcançados em três anos.
Participação por tipo de cartão de crédito – Fonte: Tecmundo
O cartão de crédito virtual da empresa ganhou ainda mais usuários saltando de 29,8% para 35,7% em seis meses (fevereiro a agosto de 2019), assim como os pagamentos por aproximação subiram de 6,17% para 7,09%.
Evolução do índice de gastos mensal e médio com cartão de crédito – Fonte: Tecmundo
Apesar da subida relatada anteriormente, o gasto com cartão de crédito teve queda no período de pandemia na ordem de 20%, o que já era esperado em função do cenário econômico-social que se formou.
O desafio da fidelização
“Dalbosco, mas o que tem a ver fidelização de cliente com IPO?”
Os investidores esperam que o banco dê lucro, mas para isso terá que cobrar por taxas, serviços…Então será que os clientes estão em um nível de tamanha fidelização que estarão dispostos a terem custos? E os novos estarão receptivos a esses pagamentos frequentes? Será que a Anitta vem para ajudar a reter esses consumidores nessa fase?
Enquanto isso, O Nubank irá querer listar ações nos EUA e aumentar atração para melhor precificação do IPO. Mas se a perspectiva da curva de crescimento de novos clientes mudar, o quanto a cobrança de taxas afetará na confiança dos atuais e novos consumidores? Para reflexões de como esse sistema pode estar interligado.
Você não é conselheiro de uma empresa
Cuidado mas o mais adequado é estar atento à mudança do verbo “ser” para “estar”. Você não é conselheiro da empresa X, mas sim está como conselheiro da empresa X. Assim como não há CEO da empresa Y, mas o CEO que está na empresa Y. Ressalto isso pois Anitta por lá estará a longo prazo ou cansará da brincadeira, caso assim for levada a reuniões apenas a cada três meses e sem grandes afazeres. A presidência desse Conselho que ditará o ritmo…e vamos ver como lida com uma estrela, o que para muitos PCAs é algo novo no board.
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Doce ilusão
Muitos confundem “contratação” de Conselho com a típica contratação de colaboradores pelo RH. Se no caso do Conselho do Nubank não foi exigido formação técnica, nesse caso será que o RH tem como aliviar isso nas vagas também da empresa?
“Mas Dalbosco, executores, executivos e conselheiros não representam a cultura da empresa?”. A cultura por vezes sim, mas não o padrão de contratação nas três esferas. Para reflexão.
E o tal “pensar fora da caixa”?
Vi muitos conselheiros(as) que pregam o famoso “pensar fora da caixa” ficarem indignados(as) com a decisão do Nubank. Pois bem, pensar é uma coisa, agir é outra que muitas vezes eles(as) não suportam. É fácil dizer para pensar fora da caixa em reuniões quando a caixa não é a sua e nem dentro dela se está.
A visibilidade na mídia e o fortalecimento da sua marca pessoal podem agregar muito valor ao seu negócio. Confira o depoimento do meu mentorado Marcos Leandro Pereira, Conselheiro, Advogado Societário e Mentor, após vivenciar na prática o investimento em seu branding pessoal.
Não é preciso ouvir a Anitta
Calma, não é preciso ouvir a Anitta para se ter noção da dificuldade anterior ao Nubank que clientes de bancos tinham ao realizar um cadastro ou transação bancária. Que desgraça era aquilo…e ainda continua em muitos. Esses dias um banco tradicional levou 14 dias para provar que “eu era eu”. Isso pode Arnaldo? A regra é clara: por que facilitar se você pode complicar nesse país?
Realmente a instituição elevou a régua desse mercado, assim como Banco Inter e outros nessa “pegada”. O que me refiro é que o Nubank tem informações suficientes para saber o que o público-alvo quer e não é o motivo de ter escolhido Anitta ao Conselho. Isso seria muita ingenuidade e, para isso, bastava chamar o analista de dados ou o setor de CS (Customer Experience) para darem uma aula. O ganho tem que ser maior com ela, seja financeiro direto como acionista, seja a médio prazo com fortalecimento do branding.
Quem tem que saber se “deu boa”?
O Conselho, os acionistas e a gestão. O resto continuará no achismo.
“Dalbosco, mas e os clientes?”
Está bem, pode entrar também…mas os outros primeiros. É assim que a banda financeira toca.
Não confunda “Conselho” com “Departamento de Marketing”
Marketing pode estar na discussão de Conselho? Pode. O Conselho pode dar pitaco no marketing? Pelas boas práticas de governança, se for estratégico, sim, Se for operacional, talvez não seja o ambiente, sendo mais adequado o exercício pelo executivo frente aos executores. Apesar de parecer básico, é um erro típico que se observa dentro de Conselhos: levar conteúdos operacionais para dentro das reuniões de Conselho, muitas vezes motivados pelo próprio CEO.
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Ficou claro, pelos comentários de muita gente opinando na web sobre a decisão do Nubank, que não conhecem essa diferença entre executivo e conselheiro. Por isso, acredito para o ambiente e maturidade da governança empresarial em nível nacional, este case espetacular de ter acontecido pois ajudará no processo de conhecimento de muitos profissionais.
Afinal, costumo dizer que só se dá valor ao que se entende. Demos então o primeiro passo para que outras pessoas também conheçam e tenham mais acesso ao tema. Este meu artigo, por exemplo, é uma medida voluntária com meu contributo nesta construção.
O que afinal (e ao final) importa?
Resultado! E nesse caso, os fins justificam os meios, ainda mais em empresas de grande porte, na área financeira, e com grande visibilidade social. Nubank continuará ao estilo “taca-lhe o pau nesse carrinho Marco véio” só que descendo o morro da vó Salvelina com todo vapor e com um ótimo controle. Afinal, você viu o nipe dos outros conselheiros?
Anitta só terá que ter a ciência (e consciência) de que integrar um Conselho é bem diferente de “dar conselhos”. Se entender como funciona essa dinâmica, será bem-vinda em diversos outros em sua jornada.
A riqueza está nos detalhes
Onde mais aprendemos nisso tudo? Na reflexão de cada item aqui colocado, em cada comentário, ou em cada manifestação a favor ou contra. Não há aqui uma queda de braço entre você e eu, mas sim podemos ter diversos ângulos sobre uma mesma “batida”, não de funk dessa vez, mas de um modelo que talvez precise de uma oxigenação para fazer enxergar que há outra forma que talvez sejam viáveis, mesmo que não perfeita aos (primeiros) olhares de muitos.
O que muda em minha vida com essa escolha do Nubank?
Por enquanto, nada.
O que muda no mercado?
Muita coisa. Mas essa “coisa” só o futuro conseguirá desenhar o que é.
Mas onde posso buscar conhecimento e formação como Conselheiro?
Há algumas instituições e profissionais que se dedicam em formar conselheiros. Listo abaixo quatro:
IBGC
O Instituto Brasileiro de Governança Corporativa é referência nacional e internacional contribuindo com a performance das organizações por meio da transmissão de conhecimento sobre as boas práticas de governança corporativa. Para saber mais sobre os programas de certificação e capacitação do IBGC, clique aqui.
Fundação Dom Cabral
Com mais de 40 anos de história e partilha de conhecimento desenvolvendo executivos, gestores, empresários e organizações, a Fundação Dom Cabral (FDC) é uma escola de negócios com diversas parcerias no mundo, as quais permitem acesso a inovadoras ferramentas de gestão. Para saber mais sobre a Fundação, clique aqui.
CELINTBRA
Criada pelo Wanderlei Passarella e Tiago Martins, a CELINTBRA tem o objetivo de criar, por meio de capacitação e certificação de novos Conselheiros Consultivos, cenários de mercado com mais oportunidades para potencializar o crescimento das organizações. Para conhecer mais sobre o trabalho deles e como você pode aumentar seu conhecimento, clique aqui.
Marcos Leandro Pereira
Para quem quer ter um mentor nesse processo, recomendo acompanhar o trabalho do Marcos Leandro Pereira que tem formado diversos profissionais por meio de suas mentorias para quem quer:
- entrar no mercado de conselheiros;
- estruturar o arranque de um Conselho em suas organizações.
*A foto de capa da Anitta está na categoria Licenças Creative Commons
Conheça projetos que faço parte e ajudo com meu conhecimento e rede de relacionamento forte:
Além de poder contribuir com a carreira e marca pessoal de diversos conselheiros e executivos, também sou influencer do Bolshoi Brasil, o único local fora da Rússia em que há uma escola de excelência auxiliando no crescimento da marca e na formação dos alunos e profissionais que fazem parte dela.
Você também pode auxiliar e fazer parte do desenvolvimento de tantas crianças e jovens que o Bolshoi forma. Clique aqui para ser um Amigo do Bolshoi.
O voluntariado ao auxílio de carreira de diversos profissionais como esses também faz parte da minha marca pessoal. Se você apoia esse movimento, dê um “like” ou comente sobre ações que buscam construirmos uma sociedade mais justa por meio da construção e fortalecimento de marcas cativantes e inspiradoras.