

Esses dias me deparei com uma matéria da Forbes com o seguinte título: “Treinamentos inusitados aprimoram desempenho de executivos”. Cliquei para ler. Não por curiosidade no assunto, mas para saber se eu estava no caminho certo em relação a minha equipe.
“Dalbosco, o que tem a ver o treinamento de executivos com a sua equipe?”
Tudo.
Da mesma forma que os treinamentos inusitados do título da matéria beneficiam os executivos, também melhoram o desempenho e crescimento da minha equipe. As funções não são as mesmas. Claro que não. Mas as vantagens acabam sendo.
Os benefícios são muitos, e não existe uma lista linear. Até porque, quando você tira um executivo ou um time do ambiente formal de trabalho para fazer outras atividades, o que mais vai acontecer é justamente o não linear, o inusitado.
Nada contra os treinamentos convencionais e as capacitações. Pelo contrário, acho que são necessários, tanto que também os aplico à minha equipe. Mas acredito que para formarmos um time coeso e entrosado, precisamos também focar em atividades fora da rotina de trabalho. E é aqui que entra a nossa capacidade de inovar.
O ambiente corporativo acaba por nos deixar sempre meio formatados a agir e até a pensar da mesma maneira. Se você não se desligar um pouco, será muito mais difícil pensar em inovações.
É preciso parar de se concentrar sempre no mesmo modelo de estímulo.
Se quiser ter uma solução diferente, pense e aja diferente. E eu acredito no poder do estímulo que um ambiente fora do comum pode nos trazer – ele força a nossa mente a sair do fluxo automático.
As minhas ideias loucas têm sempre um porquê
Sempre que há um tempo vago, procuro pensar no desenvolvimento da minha equipe. Quais atividades posso fazer com eles, dentro ou fora da empresa, para aumentar o espírito de equipe e a motivação diária?
Já fizemos diversas atividades em conjunto. A maioria delas gerou uma surpresa dupla para eles. Nem sempre falo o que realmente vai acontecer. Quando descobrem, ficam felizes com a surpresa, mas ficam se perguntando como aquilo vai impactar no dia a dia deles. E quando percebem a relação com suas vidas profissionais…ah aí sim a alegria aumenta.
No ano passado, quando resolvi organizar um dia de trilha, muitos achavam que seria só uma aventura na natureza. Porém, foi muito mais que isso.
Lá, no meio da natureza, só contávamos uns com os outros. Todos precisavam se cuidar, ver se ninguém estava ficando para trás. Se alguém se cansasse ou se machucasse, todos teriam que parar.
A trilha propiciou um senso de cooperação muito maior do que já tínhamos. Lembro especialmente de um trecho, com um riacho no meio de dois barrancos. Nem todas as pessoas conseguiam subir sozinhas, mas com a ajuda que nós estávamos nos dando, todos atravessaram!
Depois desse dia, eu e minha equipe fizemos uma aula de mergulho, a qual nos ajudou bastante em relação a comunicação. Como iríamos nos comunicar embaixo d’água sem usar as palavras? Como sinalizar que precisávamos de ajuda ou que estava tudo bem?
Isso nós aprendemos lá. Veja o vídeo que fizemos sobre essa experiência:
Esses dois que acabei de citar, minha equipe sabia da atividade. Sabia o que iríamos fazer. Agora, a mais recente atividade que fizemos, eles não faziam ideia. Eu apenas avisei a data e o que era necessário levar. Nem mesmo o local eu comentei.
Eles passaram semanas tentando descobrir. Tentavam fazer com que eu soltasse alguma pista, mas eu era um túmulo. Não queria de jeito nenhum estragar a surpresa. Eles poderiam não gostar? Sim. Era um risco que eu corria. Porém, lá no fundo, eu sabia que iriam gostar.
E de fato, gostaram. Na verdade, amaram.
Eu os levei para uma aula de defesa pessoal com o professor Alexandre Marciano, fundador da Seth Brazilian Jiu Jitsu.
Em uma hora e meia minha equipe pode aprender técnicas de defesa que os ajudaria em uma situação de risco. Mas como eu disse, todas as minhas ideias têm um motivo, tem uma ligação com a vida profissional.
A aula com o Alexandre Marciano mostrou a eles que nem sempre conseguimos lidar com os problemas sozinhos. Mesmo tendo todo o conhecimento do mundo, sabendo todas técnicas que podem ser aplicadas, às vezes é necessário pedir ajuda. E fazer isso, não é vergonha para ninguém.
Mais uma vez, trouxe a questão do trabalho em equipe à tona.
Por que um líder deve influir no desenvolvimento humano da sua equipe?
A ideia de poder colocar o nosso corpo e a nossa mente em situações completamente diferentes, alterando assim a nossa circunstância, muda a nossa forma de pensar. Nos dá repertório que estimula a cognição, a inovação.
Os resultados ainda são completamente desconhecidos – e grande parte da riqueza reside exatamente nisso!
A aquisição de conhecimento é um investimento que toda pessoa deve fazer por si só, sem sombra de dúvidas. Mas eu, como empreendedor, gosto de propiciar esse investimento à minha equipe.
Como principal interessado no desenvolvimento do meu negócio, entendo como minha a responsabilidade do desenvolvimento humano dessa equipe. Nenhum negócio começa em “algo” – sempre começa em “alguém”. As inovações estão em todas as áreas, em aprendizagem nem se fala. Nossas habilidades precisam ser transversais. Precisamos cooperar como equipe em qualquer contexto.
Integração: não deixe para festa de final de ano o que você pode fazer hoje
Quantas vezes você demora o ano inteiro para descobrir que o cara quietinho da sua equipe é um atleta super aplicado?
Ou que a menina tímida e solícita, quando tem que participar de um jogo, se transforma na mais competitiva do grupo?
Muitas vezes, as integrações revelam afinidades e aparam arestas do cotidiano. Humanizam aqueles contatos que só aconteciam por e-mail e por telefone.
A ideia é simples: crie as oportunidades para estar com o seu time. Não espere pelas festas e confraternizações. Integre setores que, em geral, não convivem.
Aproveite um espaço alternativo para descobrir potencialidades inexploradas nos seus colaboradores. Você descobre lideranças inatas, identifica pessoas que são extremamente cooperativas, mas que talvez estejam ocultas lá no ambiente formal de trabalho.
Fora isso, não dá pra negar que é muito divertido! O fator surpresa pode gerar um receio inicial, mas na medida em que se cria o hábito, essas atividades geram uma expectativa gostosa nas pessoas. Elas passam a confiar que você não vai colocar ninguém “em uma roubada” e irão aproveitar esses momentos também para o próprio autoconhecimento.
Para ser surpreendido pela sua equipe, seja um líder que a surpreende de forma positiva. Os resultados são certos – e totalmente positivos para você, para eles e para sua marca.
Os treinamentos têm influência direta na sua marca!
Talvez você não tenha parado para pensar nisso, mas proporcionar momentos diferentes e de descontração para e com a sua equipe é uma estratégia de gestão de marca.
E sinceramente, fico preocupado quando percebo que as empresas não enxergam isso e perdem a chance de melhorar o ambiente interno e a imagem passada aos clientes e possíveis colaboradores.
Quando um líder organiza momentos inusitados, a equipe torna-se mais integrada. As pessoas passam a se conhecer melhor, a perceber os pontos fracos e negativos daqueles que compartilham a mesma sala ou corredores diariamente. E tendo acesso a isso, eles mesmos passam a se motivar. E equipe motivada é o que todo líder quer, ou estou errado?
Uma maior motivação na equipe gera o que? Maior produtividade. Maior compromisso com a qualidade e entrega. E, principalmente, maior senso de pertencimento e satisfação interna.
E quando essa sensação surge nos colaboradores, eles passam a defender a marca com unhas e dentes. Viram um time que permanece unido tanto nas horas boas quanto nas ruins. E essa relação que criam entre si e com a marca, fazem questão de falar para conhecidos, amigos, familiares e clientes.
Para uma gestão de marca eficiente, não basta apenas investir nas melhores campanhas, ferramentas e tecnologias. É preciso dar atenção aos principais embaixadores da sua marca: a sua própria equipe.
Você concorda comigo? Acredita que momentos de integração inusitados ajudam a fortalecer a sua marca?
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